Mesmo mais preparada para a seca que se avizinhava, a indústria sente com rigor o efeito da crise. Diversas empresas já adotavam cisternas e poços para abastecimento, mas, com a intensidade da estiagem, pelo menos 60 mil negócios devem ser afetados em São Paulo, segundo estimativa da Federação das Indústrias (Fiesp). As companhias atingidas respondem por cerca de 1,5 milhão de empregos.
- A última coisa que a indústria quer fazer é reduzir os postos de trabalho. Mas se a crise se aprofundar e a empresa for obrigada a reduzir atividades, ficar um dia sem água, aí começará a impactar, e as empresas terão de fazer contas - diz Nelson Pereira dos Reis, diretor titular do Meio Ambiente da Fiesp.
Para mitigar os impactos, a entidade está mapeando agora as águas metropolitanas do Estado. O plano é que as empresas possam se juntar em consórcios para construir poços e garantir o abastecimento.
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A procura por águas subterrâneas, uma alternativa que funciona bem em Ribeirão Preto, importante centro industrial, tem aumentado. O município é responsável pelos maiores volumes de extração de água do Aquífero Guarani no país.
Roberto Kirchheim, geólogo especializado em recursos hídricos e ex-integrante do Projeto Aquífero Guarani, da Organização dos Estados Americanos (OEA), explica que o recurso utilizado faz parte da taxa de recarga, que se renova todo ano:
- Se fosse usada de forma ostensiva a reserva permanente, seria um problema, mas uma avaliação global diz que a situação de hoje é confortável.
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No Rio, pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado (Firjan) com 487 companhias revela que 30,6% delas já enfrentam problemas por conta do baixo nível nos reservatórios. Essas companhias empregam aproximadamente 15% das vagas industriais fluminenses.
Em Minas Gerais, o racionamento aventado pelo governo na região metropolitana de Belo Horizonte e no norte do Estado deve impactar no desempenho da indústria e da mineração, que juntas representam 20% do total de água consumido.
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