O clima de tensão aumentou na França devido aos dois ataques desta sexta-feira - em uma fábrica e em um mercado de produtos judaicos. As ruas de Paris foram tomadas por policiais, e helicópteros sobrevoam a cidade. O metrô teve algumas estações fechadas por questões de segurança. Na zona industrial onde os dois irmãos apontados como autores da chacina na revista Charlie Hebdo fizeram reféns (e foram mortos pela polícia), franco-atiradores se posicionaram nos telhados, e moradores se trancaram em suas casas. A região ficou em estado de sítio.
Dammartin-en-Goële, pequena cidade de 8 mil habitantes, próxima ao aeroporto internacional Charles de Gaulle de Roissy, não registra movimento: as vias estão desertas, o comércio foi fechado e os acessos rodoviários, bloqueados.
- Minha filha me disse: "mamãe, não fique com medo, estamos bem protegidos". Ela está serena, mas eu estou com medo. Estou com muito medo - confessou uma mulher de 60 anos. - A empresa onde ela trabalha está sendo protegida pelo GIGN (batalhão de elite da polícia militar francesa). Eles pediram para que ela desligasse a luz e permaneça escondida", revelou a mãe.
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Conheça o perfil dos responsáveis pelo ataque à Charlie Hebdo
Ao mesmo tempo que a França está abalada com os atentados, a população tenta manter serviços funcionando. Os pontos turísticos de Paris, por exemplo, seguem funcionando.
Foto: Dominique Faget/AFP
Escolas são evacuadas
Em mensagem publicada no seu site oficial, a prefeitura de Danmartim pediu para que os moradores ficassem em casa. Várias escolas foram evacuadas enquanto os suspeitos do massacre contra a revista Charlie Hebdo estavam entrincheirados, informaram autoridades da cidade.
Alunos de uma pré-escola e de um colégio de Ensino Médio foram levados a um ginásio, de onde seus parentes poderiam levá-los.
- Toda a zona está cercada, não temos direito de sair de casa. Ouvimos helicópteros, um deles está sobrevoando a nossa casa neste momento. Estou preocupado porque estou tentando entrar em contato com meu filho, que trabalha na zona industrial. Não estou conseguindo. Está tocando de forma estranha, devem ter impedido as telecomunicações - explica Michel Carn, morador de Danmartin, cuja casa é localizada a menos de 600 metros da gráfica onde estavam os reféns.
Sírio se autoproclama terrorista em trem
Um trem de alta velocidade que circulava entre Lyon e Paris foi evacuado após um sírio que viajava sem bilhete se autoproclamou terrorista. Um passageiro britânico alertou os controladores para a presença do sírio e eles decidiram parar o trem na estação de Creusot TGV.
A prefeitura do departamento de Saône-et-Loire afirma em um comunicado que o viajante "declarou que tinha intenções criminosas com a segurança do trem". A polícia evacuou os dois vagões e deteve o sírio, de 30 anos.
Os passageiros puderam prosseguir sua viagem em outro trem. Foi aberta uma investigação judicial e a circulação foi retomada com normalidade no final da manhã.
O desfecho das ações no mercado e na fábrica atacados nesta sexta-feira
- Amedy Coulibaly, 32 anos, invadiu um mercado de produtos judaicos em Porte de Vincennes, no leste de Paris, e fez cinco reféns. Ele contou com a ajuda de sua parceira, Hayat Boumeddiene, 26 anos.
- Ele seria o autor do tiroteio que matou uma policial na quinta-feira e amigo de Cherif Kouachi, um dos suspeitos do atentado a Charlie Hebdo, e seguidor do convicto terrorista Djamel Beghal, assim como Kouachi.
- Também nesta sexta-feira, Cherif Kuachi, 32 anos, e o irmão Said Kuachi, 34 anos, invadiram uma fábrica em Seine-et-Marne, nordeste de Paris, onde fizeram um refém.
- No mercado, Coulibaly afirmou que mataria os reféns caso a polícia não libertasse os irmãos Kouachi.
- Por isso, a polícia decidiu invadir ao mesmo tempo a fábrica e o mercado, para libertar os reféns.
- Na fábrica, os irmãos Kouachi foram mortos e o refém foi liberado, sem ferimentos.
- Já no mercado, Coulibaly foi morto e um refém liberado, também sem ferimentos. No entanto, quatro reféns teriam sido mortos, de acordo com o jornal francês Le Figaro. Três deles teriam sido mortos antes da polícia entrar no local.
- A parceira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene, 26 anos, teria escapado, ainda conforme o Le Figaro.
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No mapa, confira o local dos ataques em Paris:
Confira as fotos da movimentação no entorno da fábrica:
Fábrica fica a cerca de 40 quilômetros a nordeste de Paris:
Entenda como foi o ataque à revista Charlie Hebdo
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O que aconteceu
Três homens atacaram a sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris, matando pelo menos 12 pessoas. Os homens encapuzados, armados com fuzis Kalashnikov, entraram no escritório por volta do meio-dia (9h de Brasília) desta quarta-feira e abriram fogo, deixando 12 vítimas fatais - 10 jornalistas e dois policiais
Pelo menos cinco pessoas estão em estado grave. Após trocar tiros com a polícia, os terroristas fugiram do local em um carro dirigido por uma quarta pessoa em direção ao nordeste de Paris. As informações são do jornal The Guardian e da BBC News. Entre os mortos, estão o jornalista, cartunista e diretor do semanário, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb, e três cartunistas: Cabu, Wolinski e Tignous.
Charlie Hebdo é uma revista satírica semanal conhecida pelo envolvimento em polêmicas. Um dos seus últimos tweets foi uma charge do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. O semanário já havia sido alvo de outros atentados: em 2011, a sede foi incendiada após a publicação de charge sobre o profeta Maomé.
Al-Baghdadi representado em charge recente da revista
Califado do Terror: uma visita as cidades que recebem as vítimas do EI
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Dinamarca sofre ataques incendiários após publicação de charges de Maomé
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Vídeo mostra terroristas executando policial na saída da sede:
Confira imagens do local do atentado:
*Zero Hora, com AFP