O departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico garante que pelo menos quatro quadrilhas que disputam o comando do tráfico no bairro Mário Quintana já foram identificadas. Grande parte delas é comandada por traficantes que já foram presos diversas vezes e voltaram para rua ou mesmo de dentro das prisões. A polícia evita dar detalhes sobre as facções para não prejudicar as investigações em andamento.
“Hoje não há uma liderança forte no tráfico, são várias quadrilhas atuando no mesmo bairro. No Mário Quintana já identificamos pelo menos quatro e estamos trabalhando para colocá-los na cadeia”, explica o diretor do Denarc, Cleber Lima.
O delegado destaca que o forte armamento das quadrilhas chama atenção da polícia. Segundo ele, somente neste ano, dois fuzis já foram apreendidos pelo departamento e outro, de fabricação tcheca e que nem mesmo a polícia tem acesso, foi apreendido pela Brigada Militar no Mario Quintana. Conforme Lima, não há controle efetivo da entrada de armamentos nas fronteiras do país.
O diretor ressalta, ainda, dificuldade no controle do tráfico, já que assim que um indivíduo é preso, outro o substitui, imediatamente. Além disso, grande parte deles fica por um curto período de tempo na prisão e volta para o crime.
Moradores relatam medo sofrido no Mario Quintana
Moradora do bairro Mario Quintana há 24 anos, uma mulher que prefere não se identificar, conta que foi ameaçada na última segunda-feira, quando ia até a parada de ônibus buscar a filha que chegava do trabalho por volta das 21h30. Alertada sobre uma possível briga entre gangues, ela pediu para que a filha voltasse antes para casa, mas no caminho foi surpreendida por um homem que passava em uma moto
“Ela costuma voltar às 23h, mas pedi que ela viesse antes, um homem parou para o meu lado e me disse pra eu voltar para casa. Eu disse que ia mesmo assim e ele me disse que eu estava avisada”, relata.
A moradora diz que no último mês a guerra de traficantes tem se intensificado na região “Eu vivo todo esse tempo aqui e nunca tive tanto medo de sair de casa como agora. Nossos filhos saem de casa pra trabalhar e a gente não sabe se eles vão voltar”, lamenta.
Outro morador que prefere ter a identidade preservada conta que não sai de casa durante a noite “De noite a gente não vê um policial, é insegurança total, quem manda aqui é a facção”, destaca.