O diretor e o chefe da segurança do presídio de Taquara, presos temporariamente em operação do Ministério Público na manhã desta sexta-feira (18), são investigados por homicídio doloso de um detendo. Segundo o promotor que coordenou os trabalhos, Leonardo Giardin de Souza, os dois omitiram socorro a um preso que estava com um caso grave de saúde, no ano passado, configurando o crime de homicídio com dolo eventual.
Segundo ele, os presos são levados para o Hospital Vila Nova, na Capital, mas como a instituição operava com capacidade máxima, a administração optou por não procurar a rede pública municipal, para que não fosse necessário o uso de escolta. "Chegou o ponto que o preso ficou tão debilitado, que acabou morrendo. Foi um descaso total com ele", explica.
Os detalhes do caso não podem ser revelados já que a investigação está sob sigilo. A negociação para compra de vagas no presídio também é investigada. Segundo o Subprocurador de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, os agentes, que não terão os nomes revelados, cobravam valores dos presos para que eles pudessem permanecer no presídio e ter regalias. "Eles faziam negociação e cobravam dos presos para permanecer aqui ou para vir de outro presídio, dando algumas regalias como cela exclusiva, ou não tão lotada", destaca.
A dupla ainda desviava recursos públicos oriundos de convênios com prefeituras, que deveriam ser usados em melhorias nos presídios, para uso próprio. A investigação teve início em agosto de 2013, a partir de denúncias repassadas à Promotoria de Justiça de Controle da Execução Criminal e à Ouvidoria do Ministério Público. A polícia cumpriu 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Taquara, Parobé, Canoas, Araricá, Gravataí e Gramado.
Um detendo do semi-aberto também foi preso na operação por envolvimento nos crimes. Os agentes penitenciários foram encaminhados para o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil. Os dois devem responder por crimes de peculato, corrupção passiva e homicídio doloso. A Susepe abriu sindicância para investigar o caso. Uma administração interina assumiu o presídio nesta sexta.