Enviado Especial Álvaro Andrade
Direto de Uruguaiana
Açoitada pelo vento às margens do rio Uruguai, a lona preta faz barulho e provoca o choro do integrante mais novo da família Melo. A calma do pequeno Rafael, de 1 ano e 8 meses, só é quebrada pelo medo do barulho provocado pela lona que há uma semana é o novo telhado que abriga ele, a tia, a avô e a irmã em condições totalmente precárias. Das quatro casas que antes estavam no terreno da família, agora só restam entulhos: tijolos, ferro retorcido e lixo são as marcas deixadas pelas águas do rio Uruguai, que elevaram-se a um nível histórico há duas semanas, e ainda deixa mais de 3 mil pessoas fora de casa em três cidades da Fronteira Oeste.
"Quando eu voltei não tinha mais nada, nem casa, nem tábua. O rio levou tudo", lamentou Marina Melo, a matriarca da família que ainda espera pela ajuda do poder público.
Diante do quadro de estragos na região, a Defesa Civil estima que 600 famílias entre os municípios de São Borja, Itaqui e Uruguaiana serão instaladas provisoriamente em imóveis a serem alugados pelo poder público até que seja finalizado o processo de reconstrução das casas. Muitas sofreram sérios danos estruturais e não tem condições mínimas de segurança.
A presidente Dilma Rousseff chegará na manha deste sábado a Uruguaiana. Por volta das 10 horas vai sobrevoar a região e em seguida reúne-se com os prefeitos de São Borja,
Itaqui, Barra do Quaraí, Alegrete, Garruchos e Uruguaiana. Estado e União já aplicaram R$ 17 milhões no atendimento emergencial. Outros R$ 14 milhões estão garantidos pelo Ministério da Integração Nacional para a reconstrução das áreas afetadas.