A vigília da madrugada desta segunda-feira (27) em frente à boate Kiss levou cerca de 600 pessoas no momento de maior movimento à Rua dos Andradas, no centro de Santa Maria. As homenagens começaram pouco depois das 23h do domingo (26), com a pintura de 242 corpos no asfalto, representando cada uma das vítimas.
O ambiente misturou expressões de comoção e cobranças por justiça. Algumas faixas foram colocadas nos tapumes do prédio com mensagens dedicadas às vítimas e outras com pedidos que os responsáveis pela tragédia fossem penalizados. Em um coração pintado em meio às figuras de pessoas no asfalto, foram acesas 424 velas.
Sirenes soaram em diferentes horas da noite, lembrando o som dos resgates. Às 3h, quando o fogo começou no dia do incêndio, foi o momento mais comovente da noite. Familiares e amigos das vítimas contaram até 242, lembrando de cada uma das vidas perdidas.
Depois das 3h, um espaço para discursos foi montado com microfones e caixas de som. Em seguida, a movimentação diminuiu e os participantes da vigília permaneceram em frente à Kiss, onde ficaram até o amanhecer.
Programação
Às 8h desta segunda-feira começa uma caminhada pelas ruas da cidade, partindo da Praça Saldanha Marinho. Para as 9h, na Universidade Federal de Santa Maria, estão previstas apresentações musicais. A apresentação do documentário Janeiro 27 vai ocorrer às 14h, no Centro Universitário Franciscano. A partir das 14h30, as atividades se concentram na Praça Saldanha Marinho, com palestra, atividades culturais e um ato ecumênico, programado para as 20h.
Entenda o caso
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 e resultou na morte de 242 pessoas. O fogo começou durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira, quando o vocalista do grupo acendeu um artefato pirotécnico e as chamas atingiram a espuma do teto da casa noturna.
A perícia concluiu que o material não era adequado para o isolamento acústico e teria sido o responsável pela liberação de fumaça tóxica. As investigações também mostraram que o local estava superlotado na noite da tragédia, tendo apenas uma porta de entrada e saída, além de janelas obstruídas. Ainda foram constatadas irregularidades em relação aos alvarás da Kiss.
Dois integrantes da banda e dois sócios da boate foram presos no dia seguinte ao incêndio, recebendo liberdade provisória quatro meses depois. O inquérito policial, concluído em março, indiciou 16 pessoas criminalmente pela tragédia. Já o Ministério Público (MP) denunciou oito bombeiros por responsabilidades no caso. Segundo o MP, eles teriam fraudado a liberação de alvarás e dos Planos de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI).
O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), também foi apontado no inquérito por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Em julho, contudo, a Justiça determinou o arquivamento da denúncia contra ele, alegando falta de elementos para apontar responsabilidades do prefeito no caso.
Atualmente, três processos criminais sobre a Kiss tramitam na Justiça. Entre os réus estão os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; o produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão, e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos.
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