Já se passaram décadas desde que Daniel Gause, ainda criança, foi diagnosticado com o tumor que lhe roubou a visão. Hoje, aos 35 anos, ele se orgulha de estar concluindo a faculdade de Pedagogia e a pós-graduação em Educação Especial - e de ter ainda no currículo a experiência como técnico em administração e informática.
Daniel pode ter perdido a capacidade de olhar, mas nunca deixou de enxergar o caminho que desejou para si.
Para lembrar o Dia Internacional do Deficiente, celebrado nesta terça-feira, Zero Hora o convidou para fazer um teste pelas ruas de Porto Alegre. O objetivo era avaliar as situações que Daniel encontra no percurso que percorre diariamente da Zona Norte até o trabalho, no centro da Capital.
E bastou uma tarde ao lado do deficiente visual para compreender que, se o desafio maior há tempos foi superado, outros tantos - ainda menores, mas insistentes -continuam sendo entraves em sua rotina.
O primeiro deles é ter de se adaptar a um espaço urbano que ainda não o inclui. Se são poucas as calçadas bem conservadas, um número ainda mais inexpressivo é daquelas que possuem piso tátil, essencial para o seu deslocamento. E os obstáculos não param por aí.
- Eles estão por toda a parte, eles vão desde a falta de sinalização até a falta de respeito das pessoas. E são raros os olhos que veem isso. Só um olhar que traz consigo a vontade de mudar e de incluir é capaz de enxergar esses problemas - afirma Daniel.
O teste começou em um ônibus que partiu da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, no bairro Rubem Berta, passou pela Rua Voluntários da Pátria no fervor da tarde da última sexta-feira, e terminou na Praça Pereira Parobé, onde Daniel dá aulas de informática para outros deficientes visuais. E pode conferido ser no vídeo abaixo.
Em vídeo, Daniel dá dicas de convivência social com deficientes visuais:
Veja imagens do teste pelas ruas do centro de Porto Alegre:
Dia Internacional do Deficiente
Teste ZH: com uma câmera, deficiente visual expõe as dificuldades para se deslocar em Porto Alegre
Daniel Gause, 35 anos, mostra obstáculos de um espaço urbano que ainda não o inclui
Bruna Scirea
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