




O relógio ainda não marcava 8h. O céu ficou preto e a chuva chegou rápida, intensa. O programa Gaúcha Hoje, na Gaúcha Serra, já tinha terminado e o repórter Matheus Schuch seguiu para as ruas conferir como estava a situação em Caxias do Sul. As primeiras informações dele e de ouvintes foram repassadas ao Daniel Scola para entrar no programa Atualidade. Às 9h15min, o telefone tocou no estúdio. Era o Schuch, pedindo para interromper a programação do Polêmica. "A cidade está um caos", disse.
O primeiro momento foi de hesitação. Será que temos que transmitir a partir de Caxias do Sul para relatar a situação da cidade após a chuva? Não tínhamos muito tempo para pensar. Faltavam 15 minutos para o Polêmica começar. Sim, temos que fazer isso, rádio é serviço. Foi assim que começou a transmissão da programação especial sobre a chuvarada, que iniciou às 9h30min e se estendeu até o meio-dia, com o Chamada Geral 1ª edição. Foi a primeira vez que deixamos de transmitir um programa para dar lugar a um relato que se impunha.
“ Chegavam fotos de ouvintes e de repórteres que mostravam casas alagadas, carros cobertos de água até metade da altura dos vidros”
Matheus Schuch já estava na rua. A repórter Suelen Mapelli pegou um táxi e foi circular pela cidade também. Ouvir as pessoas que estavam com água pelos joelhos, a diretora da escola que teve salas alagadas. A estagiária Yasminne Borges deu a retaguarda da produção. Enquanto isso, eu e o Márcio Serafini apresentávamos do estúdio. Logo, juntaram-se à equipe o Guilherme Pulita e Juliana Bevilaqua, que foi à prefeitura acompanhar uma reunião convocada às pressas pelo poder público.
Nunca chegaram tantos torpedos para a rádio quanto naquela quinta-feira em que, em uma hora, choveu o esperado para 10 dias. Em praticamente todos os bairros da cidade havia pontos de alagamentos. Chegavam fotos de ouvintes e de repórteres que mostravam casas alagadas, carros cobertos de água até metade da altura dos vidros. Transmitimos por duas horas e meia seguidas. Se tivéssemos mais tempo, teríamos mais informações para passar. Graças a nossa reportagem na rua, graças aos nossos ouvintes. Rádio é serviço. O céu fica preto, o dia vira noite. E as pessoas sabem, a Gaúcha estará lá.
Confira outros fatos da retrospectiva: