Quatorze ações inovadoras na área de educação serão apresentadas a alunos, professores e convidados na noite desta segunda-feira no Colégio La Salle Dores, no centro de Porto Alegre.
As iniciativas vêm de escolas, países e até mesmo continentes diferentes. Em comum, todas elas têm como objetivo lançar um novo olhar sobre o ensino.
Os modelos pedagógicos estão quase todos reunidos no livro Volta ao Mundo em 13 Escolas. A obra é resultado de uma vontade aparentemente simples - a de alargar horizontes em busca de novas metodologias - que foi longe. Quatro integrantes do coletivo paulista Educação captaram quase R$ 60 mil a partir de financiamento colaborativo e viajaram para conhecer instituições que não estavam no senso comum do ensino.
- São modelos que trazem a ressignificação de algum tema. Eles colocam, por exemplo, a questão da liberdade e da sustentabilidade em discussão no ensino. Cada capítulo traz histórias de pessoas, de como elas se inserem nesses processos de aprendizagem e como são impactadas por eles - explica André Gravatá, um dos autores do livro.
Projeto desenvolvido desde maio na Capital é destaque
Em busca desses caminhos inspiradores para a educação, eles percorreram o mundo - da Indonésia aos Estados Unidos, passando por África, Europa e América Latina. Colheram experiências que podem colaborar com uma nova forma de lecionar e aprender. E estarão em Porto Alegre com as quase 300 páginas resultantes - em papel por R$ 33 ou gratuitamente pelo site educ-acao.com.
A obra será lançada na capital gaúcha justamente por estar aqui uma 14ª ação inovadora, que só não está no livro porque apenas agora é tornada pública. É o Meeting Experience, projeto desenvolvido desde maio por professores e alunos do Ensino Médio do Colégio La Salle Dores. Na noite desta segunda-feira, haverá a inauguração de uma sala interativa na escola.
O evento desta segunda-feira não é aberto ao público, apenas para convidados.
Até cozinha é sala de aula
No início do projeto, há seis meses, estudantes ficaram com dúvidas em relação à nova metodologia que a diretora do Colégio La Salle Dores, Fabiane Franciscone, propunha com entusiasmo. Parecia "meio maluco" desenvolver o trabalho em equipe e o perfil de liderança em encontros que aconteciam em lugares inusitados, como a cozinha da escola.
Nos encontros de três horas, às quintas-feiras, dois grupos de 20 alunos se reuniam em experiências inovadoras. Na primeira delas, por exemplo, eles tiveram de cozinhar para a equipe. Para isso, ganharam R$ 130 da direção, tiveram de ir ao supermercado, planejar o cardápio, dividir as funções e, depois, é claro, deixar a cozinha da escola da forma como a encontraram: brilhando.
Além de ter contato com dois chefs convidados, os alunos colaboraram entre si, desenvolverem a autonomia e a possibilidade de agir com liberdade e responsabilidade. No próximo encontro, o dinheiro já não viria tão fácil. Na semana seguinte, eles foram motivados a encontrar soluções empreendedoras para arrecadar mais de R$ 1 mil. O dinheiro conquistado com a lavagem de carros, venda de docinhos e muita pechincha foi gasto na recompensa: uma tarde de navegação no Guaíba. O que já era outro desafio, pois tiveram de descobrir, sem qualquer ajuda, como se veleja.
- Queremos que os alunos se descubram a partir de suas habilidades e que possam vivenciar experiências significativas de aprendizagem, que extrapolam o currículo básico. Nessa metodologia, os papéis de educador e aluno se desfazem, viram todos aprendizes - explica a diretora.
Professores da rede pública poderão receber treinamento
Para coroar o trabalho, os últimos dois meses foram de esforço intenso no ambiente que, a partir de hoje, será chamado de Sala de Aula Aberta Meeting Experience. A antiga sala multiuso do colégio foi divida em três coloridos ambientes, conforme projeto dos alunos: um cômodo de produção com mesas e cadeiras, um de criação com pufes e grafites e mais uma cozinha. O espaço será replicado e, a partir do próximo ano, todas as turmas do 1º e 2º ano passarão a ter aulas em ambientes como esse. E, além disso, professores da rede pública serão convidados para receber a mesma capacitação que educadores do colégio tiveram.
O que uma coisa, a nova estrutura da sala de aula, tem a ver com a outra, o lançamento do livro? Nenhuma das duas iniciativas tem como ambição servir de fórmula mágica para um novo sistema de ensino. Pelo contrário, nesta noite, os participantes irão mostrar histórias, trocar experiências e trazer muitas interrogações: e se a relação entre professor e aluno fosse menos hierárquica? E se aprender e brincar se tornassem sinônimos? A resposta está no esboço:
- Não existe um único modelo para solucionar os problemas da educação. Existem diferentes saídas para diferentes perfis. O olhar que trazemos é o da diversidade, de abordagens que convivem paralelamente e se encontram na criatividade - resume André Gravatá, um dos autores do livro.
Um novo olhar
Quatorze ações inovadoras de educação serão apresentadas em Porto Alegre
Iniciativas pedagógicas criativas, adotadas em outros países, viram tema de encontro em colégio
GZH faz parte do The Trust Project