Lacres rompidos e catracas giradas para trás. Era assim que um grupo de funcionários adulterava o número de passageiros do transporte coletivo em Passo Fundo, no norte do Estado, conforme uma sindicância.
A investigação administrativa da Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas) revelou que pelo menos seis funcionários e ex-funcionários - que trabalham ou trabalhavam como motoristas e cobradores - teriam desviado dinheiro do município. A Codepas é a única empresa pública a realizar o transporte coletivo em Passo Fundo, ao lado de duas instituições privadas.
A suspeita de fraude iniciou em janeiro, depois que uma vistoria nos veículos revelou que cerca de 80% da frota leve o lacre das catracas rompido, o que corresponde a 27 dos 34 ônibus da empresa. Conforme o diretor presidente da Codepas, Tadeu Karczeski, o sistema de segurança das catracas foi substituído por um de melhor qualidade e, em março, a empresa instaurou a sindicância. Desde então, apenas dois lacres foram rompidos.
Composta por três funcionários, a comissão de sindicância ouviu cerca de 30 colaboradores e concluiu a investigação no final de agosto. Segundo Karczeski, a investigação confirmou que o grupo teriam girado as catracas no sentido inverso, para demonstrar um número menor de passageiros do que o real. Depois, teriam furtado as passagens ou o dinheiro referente a estes usuários.
- A comissão de sindicância não conseguiu estimar o valor do desvio, mas apurou que a fraude durou quatro anos, de 2009 a 2012 - relata Karczeski.
A sindicância, de 1.533 páginas, foi encaminhada à Polícia Civil e ao Ministério Público, que também investigam o caso.
O delegado Cláudio Edgar Trindade Belcamino, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Passo Fundo, explica que o inquérito foi instaurado em fevereiro e cerca de 30 pessoas já prestaram depoimento sobre o caso:
- Recebi na tarde desta terça-feira a sindicância e vi que algumas pessoas falaram uma coisa para nós e outra para a empresa. Devemos chamá-las novamente, para esclarecer dúvidas, e também vamos ouvir mais funcionários.
Segundo Belcamino, ainda não há previsão de conclusão do inquérito. Ele afirma que, se comprovada a fraude, os funcionários envolvidos podem responder por peculato, furto, formação de quadrilha e improbidade administrativa.
O Ministério Público afirmou que analisará a sindicância e deve concluir a investigação em 30 dias. Já o diretor da empresa relatou que irá esperar a conclusão das investigações para tomar providências em relação aos funcionários envolvidos, que vão da advertência à perda do cargo público.
Catracas violadas
Sindicância aponta fraude no transporte coletivo de Passo Fundo
Funcionários teriam adulterado as catracas e desviado o valor das passagens
Fernanda da Costa
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