O Brasil é o 24º país mais feliz do mundo, de acordo com o Relatório da Felicidade Mundial 2013, divulgado nesta segunda-feira pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Dominado pelo norte da Europa, o topo do ranking exibe Dinamarca, Noruega, Suíça, Holanda e Suécia. Os mais infelizes entre os 156 participantes avaliados estão concentrados na África: Ruanda, Burundi, República Centro-Africana, Benin e Togo.
Professor de Economia da Universidade de British Columbia, em Vancouver, no Canadá, John F. Helliwell foi um dos editores encarregados de avaliar os dados coletados nas pesquisas de campo e produzir o Relatório da Felicidade Mundial 2013.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, concedida por telefone de Nova York, nesta segunda-feira, Helliwell falou sobre a relação dos países ricos com a felicidade e sobre a importância do ranking. O canadense esteve na cidade americana para divulgar os resultados do trabalho patrocinado pela ONU.
De acordo com o professor, um dos objetivos do trabalho, além de enumerar as variadas implicações do bem-estar no dia a dia, é embasar a criação de políticas públicas, oferecendo informações por vezes subjetivas, mas, segundo os organizadores, tão importantes como estatísticas econômicas.
Fator determinante para a felicidade, a saúde mental também é citada como a maior das ameaças.
Confira a entrevista:
Zero Hora - O relatório conclui que o mundo se transformou, ainda que sutilmente, em um lugar mais feliz e generoso ao longo dos últimos anos.
John F. Helliwell - A grande notícia é que houve um pequeno aumento da felicidade média. Cerca de 60 países se tornaram significativamente mais felizes, 41 ficaram menos felizes e 30 não apresentaram nenhuma mudança notável. Claro que há uma variedade de histórias e experiências entre eles. A América Latina é o continente com o maior aumento no bem-estar.
ZH - Como foi feita a análise?
Helliwell - O relatório é elaborado a partir das avaliações dos próprios entrevistados sobre a qualidade de suas vidas. Observamos diversos aspectos: expectativa de vida, suporte social, que são as pessoas com quem podem contar, liberdade para fazer escolhas, generosidade - se fizeram uma doação nos últimos seis meses, por exemplo. Os países do topo se saem muito bem em todos os quesitos. Os do final da lista vão muito mal. A maioria dos países tem uma mistura de bons e maus desempenhos.
ZH - Não é apenas a riqueza, portanto, que determina as nações mais prósperas e felizes.
Helliwell - Absolutamente. Entre as 10 mais felizes, há apenas três das mais ricas do mundo. A Noruega, por exemplo. Para estar entre os top, um país precisa ter um ótimo desempenho em todos os itens avaliados.
ZH - Por que um ranking como este é importante?
Helliwell - Não acho que este ranking seja mais importante para a criação de políticas públicas do que as estatísticas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) divulgadas anualmente. Acreditamos que a felicidade pode ser uma forma melhor de medir a qualidade de vida do que a renda. Temos que entender esses índices, as pessoas precisam conhecer esses rankings e as posições dos seus países, começando a prestar atenção a outros aspectos da vida. A ONU está em processo de seleção das metas de desenvolvimento para os próximos 15 anos. Gostaríamos de colocar a felicidade entre elas.
Entrevista
"Houve um aumento da felicidade média mundial", afirma editor de relatório da ONU
Em entrevista à ZH, o professor de Economia John F. Helliwell falou sobre a importância do ranking
Larissa Roso
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