Depois de ter passado mais de quatro anos internado no Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, no Vale do Taquari, Lázaro José Dresch Kamphorst morreu na manhã desta segunda-feira após parada cardíaca. O menino, que dependia dos aparelhos do hospital para viver, foi símbolo da campanha encabeçada pelos seus pais para que a UTI pediátrica do HBB não fechasse devido à mudança na lei federal - que passou a exigir separação física da unidade neonatal.
Lázaro tinha uma doença degenerativa, sem cura, e estava internado desde que tinha dois meses de idade. O velório do menino acontece até as 15h na capela do Diersmann e, depois, será levado para cremação. As cinzas de Lázaro serão jogadas na Lagoa da Harmonia, ponto turístico de Teutônia.
Camila Letícia Dresch, mãe de Lázaro e professora, afirma que ela e o marido, Willian Kamphorst, que é cabeleireiro, estão tristes, mas ao mesmo tempo tranquilos.
- Sabemos que fizemos tudo o que podíamos por ele em vida. Ele simplesmente se desligou e agora ele está num lugar ainda melhor - conta Camila.
Intitulada de "UTI é vida: não tire a nossa", a mobilização foi iniciada pela família de Lázaro no início do ano, após a direção do HBB ter anunciado o fechamento da UTI pediátrica, para ficar apenas com a UTI neonatal.
A mobilização, que reuniu mais de 10 mil assinaturas, chamou a atenção das autoridades e a direção do hospital mudou de ideia, anunciando a manutenção das duas unidades em ambientes fisicamente separados. As obras, entretanto, ainda não começaram. O hospital foi procurado, mas ainda não respondeu à ZH.
- Não é porque o Lázaro morreu que vamos parar. Seguiremos com a nossa campanha até que as UTIs estejam prontas. As crianças da região precisam disso e outras vidas podem ser salvas - afirma Camila.
O QUE MUDOU NA LEI
A mudança dos padrões mínimos para funcionamento das UTIs começou em fevereiro de 2010, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução exigindo separação física entre as unidades neonatais, destinadas a recém-nascidos de zero a 28 dias, e pediátricas, com pacientes de 29 dias a 14 anos ou 18 anos (limite fixado pelo hospital). A agência deu prazo de três anos para adaptação.
Em maio de 2012, o Ministério da Saúde publicou nova portaria, estipulando diretrizes para a organização dos leitos de UTIs neonatais do SUS, com objetivo de reduzir a mortalidade infantil, já que, em unidades mistas, recém-nascidos dividem espaço e os mesmos médicos com crianças doentes, correndo risco de contaminação.
O prazo para cumprimento da medida expirou em novembro do ano passado. No entanto, o ministério publicou nova portaria em 23 de novembro, concedendo um ano para adequação das UTIs mistas.
Mobilização continua
Morre menino símbolo da luta pela UTI pediátrica em Lajeado
Aos 4 anos, Lázaro José Dresch Kamphorst morreu após parada cardíaca nesta segunda-feira
Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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