A decisão do Superior Tribunal Militar de condenar em um ano de serviços comunitários, na última terça-feira, os nove militares afastados do Exército após cantarem e dançarem o hino nacional ao ritmo de funk, não surpreendeu o grupo.
Eles prestavam serviço em 2011 na 3ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada, em Dom Pedrito, quando foram afastados após circular um vídeo na internet do grupo cantando e dançando ao ritmo do símbolo nacional.
Embora não saiba ainda se o grupo irá recorrer, o ex-soldado Eduardo da Silva Oliveira, 21 anos, lamenta a decisão, mas diz que houve justiça no caso.
- Do ponto de vista militar, foi justo sim. Foi errado o que fizemos. Mas na hora do vídeo, não tínhamos noção do que iria acontecer. Não foi a nossa intenção ofender um símbolo nacional nem nada, até porque se nós estávamos servindo era porque nós queríamos - afirmou o ex-soldado, em meio ao intervalo no emprego de lavador de carros na cidade, que conseguiu após sair do quartel.
Filho e neto de militares, a atitude de Oliveira desestabilizou a família. A avó paterna Aida Oliveira lembra que a família "sofreu muito".
- Foi uma barbaridade, vou lhe dizer. Se tu pudesse entender o que a gente passou...Pegamos esse guri com 15 dias, porque os pais dele não tinham noção de como se cuidava de uma criança. Eu criei com amor e carinho. É meu filho! Com uma brincadeira deles, uma criancice, aconteceu isso - diz, com a voz exaltada, a aposentada de 69 anos.
Jovens devem capinar pátios de escolas
Ainda sem ocorrência de outros casos semelhantes, a Justiça Militar entende que não há razão para um recurso da defesa.
- O que resta para eles é o que chamamos de embargos infringentes, já que não houve uma votação unânime. Caberia também recurso extraordinário ao STF. Mas como não é uma pena de prisão, eles devem cumprir o serviço comunitário por um ano - explicou Anderson Souza, diretor de secretaria da 2ª Auditoria Militar do 3º Tribunal de Justiça Militar.
A pena deve ser realizada em um colégio, segundo a auditoria de Bagé, responsável pelo caso. A maior chance é de que os nove jovens capinem pátios de escolas de Dom Pedrito. A reportagem não conseguiu contato com a defensora pública Patrícia Blumenkrantz, de Bagé, responsável pela defesa do grupo.