Em lugar de condenar as bibliotecas à obsolescência, a internet está ajudando a revigorá-las. Um exemplo é a Erico Verissimo, mantida pelo governo do Estado na Casa de Cultura Mario Quintana.
No local, é raro encontrar alguém entre as estantes escolhendo um livro. Apesar de quase ter dobrado em quatro anos, a quantidade de empréstimos é modesta: entre quatro e cinco volumes por dia, em média.
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Mesmo assim, a biblioteca está sempre cheia. Os usuários comparecem em peso para utilizar o sinal wi-fi, oferecido desde o ano passado. Há quem passe o dia diante do notebook, pesquisando, navegando pelas redes sociais ou trabalhando. Outros levam o smartphone para poder acessar à rede gratuita. Os mais antenados já sabem que é preciso chegar cedo para garantir lugar.
O técnico em logística Maurício Zpillman, 43 anos, é um dos que comparecem diariamente, por volta das 15h. Permanece até as 19h. Em uma tarde recente, aproveitava a internet para conversar com um amiga do Pará.
- Fico na internet, olho meu e-mail, converso com amigos pelo Skype ou pelo Facebook e faço planilhas do trabalho. Aqui encontro tranquilidade. Venho até nos sábados, mas é muito lotado - conta ele.
Oferecer internet tornou-se um imperativo para bibliotecas que querem estar em sintonia com seu tempo. Na Josué Guimarães, que disponibiliza um computador com acesso à rede e espera instalar mais dois em breve, o wi-fi é um chamariz importante de público. Dias atrás, um temporal causou uma queda na rede sem fio. Na semanas seguintes, mesas e cadeiras antes repletas de usuários com notebooks ficaram ociosas.
- Pessoas que vinham sempre deixaram de vir. Uma biblioteca precisa acompanhar as tecnologias de acesso à informação - afirma a bibliotecária Jacqueline Mative.
Em suas instalações provisórias na Casa de Cultura Mario Quintana, a tradicional Biblioteca Pública Estadual também faz tratativas para oferecer sinal de internet sem fio.
- O papel da biblioteca é ajudar a buscar a informação. Às vezes vai ser em um livro, mas em outras situações vai ser na internet - explica a diretora, Morgana Marcon.
Não é só a internet o motivo para as bibliotecas resistirem com força em meio à abundância de textos e divertimento oferecida por outras fontes. Elas têm promovidos outras inovações capazes de mantê-las em sintonia com novas exigências do público. No dia 15 de abril, por exemplo, quando inaugurou em Frederico Westphalen a sua nova unidade, o Sesc-RS sequer a chamou de biblioteca. Preferiu a designação Espaço de Lazer e Saber.
- Fizemos um estudo para o que chamamos de bibliotecas do século 21. Nesse novo conceito, esses espaços servem para várias funções ligadas à informação, como ler um livro, acessar a internet, ouvir música ou encontrar um escritor - explico Silvio Bento, gerente de cultura do Sesc-RS.
Muitos dos serviços que começaram a ser oferecidos, no entanto, estão voltados a facilitar a vida dos usuários mais tradicionais - aqueles que comparecem para estudar ou pegar um livro emprestado.
A Josué Guimarães, por exemplo, oferece computadores com editor de texto, para facilitar trabalhos escolares, informa sobre as novas aquisições do acervo por meio de um blogue e vai lançar um serviço em que será possível reservar e renovar títulos online.
Indispensáveis
Wi-fi vira item obrigatório para bibliotecas seguirem atraentes
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Itamar Melo - de Capão da Canoa
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