Quando estava terminando o século passado, escrevi aqui que os dois maiores negócios do mundo no século 21 seriam venda de água e aluguel de estacionamento.
Não deu outra: os donos de estacionamentos em Porto Alegre estão ficando milionários.
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Ontem, paguei por duas horas de estacionamento no Hospital Moinhos de Vento R$ 18.
Chegou ao ponto em que os hospitais de Porto Alegre estão lucrando mais com seus estacionamentos do que com as cirurgias.
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Alguém vai ter de pôr cobro às cobranças exageradas por estacionamentos em Porto Alegre. Não discuto que seja um negócio lícito, apenas pediria que certos estacionamentos tivessem a gentileza de cobrar preços que fossem negocial e capitalisticamente aceitáveis.
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Os diretores de um certo hospital de Porto Alegre ficaram furiosos quando escrevi que eles estavam cobrando no nosocômio taxa de estacionamento até para carro fúnebre, que, como se sabe ronda, os hospitais.
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Eu gostaria de ser proprietário de um estacionamento aqui na Capital.
É um negócio como outro qualquer, uma atividade comercial digna. Mas, se eu fosse dono, juro-lhes, cobraria por meu serviço taxas bem menores do que algumas extorsivas que estão sendo cobradas na cidade.
A taxa que paguei ontem, de R$ 18, eu cobraria somente R$ 12 e teria grandes lucros. Há gente que cobra em torno de R$ 12 aqui em nossa cidade e prova que é um preço compensador.
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Mas também me sinto autorizado a me referir sobre isso porque tenho aqui em minha mesa inúmeras manifestações de leitores que se dizem espoliados por alguns estacionamentos. Estou, assim, sendo veículo das queixas deles.
E também me animo a escrever assim porque estacionamento é um negócio de tanta utilidade numa cidade, que adquire até uma certa índole pública, tais as características desse negócio e, em face da inexistência de garagens públicas no nosso meio e da dificuldade terrível que as pessoas têm para estacionar nas ruas.
Eu peço a todos os que negociam nesse ramo que passem a cobrar, os que ainda não o fazem, preços mais humanos e suportáveis.
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Tenho mais um pedido ao Hospital Moinhos de Vento.
No estacionamento da Rua Ramiro Barcelos, os carros são entregues na saída aos clientes no subsolo 3.
Ali, quase sempre há fila para receber-se o carro, que é buscado lá atrás, longe.
Pois bem, frequentemente há uma demora compreensível para a entrega do carro.
E no local não existe nenhuma cadeira ou banco para as pessoas sentarem.
Pior: em hospital, grande parte dos clientes é de idosos ou de doentes. E eles são obrigados a esperar de pé, na fila, enquanto há fartos lugares para se colocarem assentos.
Sobre isso, tenho certeza de que o Hospital Moinhos de Vento vai me atender.
Seria humano.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "Preço exagerado"
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