O meu motorista é muito importante na minha vida, mais do que a minha mulher, tanto que durante todos os dias eu vivo mais junto ao meu motorista do que à minha mulher.
Por isso, o meu motorista consegue uma façanha: ele me irrita mais do que me irrita a minha mulher.
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Vejam como me irrita o meu motorista. Ele me disse o seguinte: "E noto que, sempre que vamos abastecer o carro no posto de gasolina, o senhor se exaspera com o preço do combustível. Então, tive uma ideia para baratear o preço da gasolina para o senhor. É a seguinte: a gente irá abastecer não só com o tanque vazio, mas com o tanque cheio principalmente. O senhor verá então que, com o tanque cheio, a gasolina custará muito menos para o senhor. Esta ideia me surgiu porque notei que, erradamente, nós só vamos abastecer quando falta gasolina. Era burrice minha ficar avisando o senhor de que faltava gasolina. Daqui por diante vou encostar no posto sempre que o tanque estiver cheio, será enorme a sua economia".
Mas não é de irritar?
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Outro caso com o meu motorista. Meu carro possui um monitor de câmera de ré, que me mostra na tela, quando vou dar marcha a ré, os obstáculos que há atrás do meu carro. É maravilhoso o Outlander, da Mitsubishi, que a Ramada me vendeu.
Mas meu motorista, que gosta do equipamento, me disse ontem que não entende por que a montadora não botou também uma câmera na frente do carro, onde ele poderia ver o que acontece na dianteira.
Não adiantou eu explicar para ele que a visão da frente do carro ele a tem por seus próprios olhos.
Não é de irritar?
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O Teledomingo, da RBS TV, tem mostrado todas as semanas uma imagem deprimente: aparece um menino paralítico, todo torto da cabeça aos pés, noticia-se que há tempo espera por uma cirurgia reparadora mas não há chance de ser operado na Santa Casa, está numa fila para cirurgias e é o 37º colocado para ser operado.
Deve ser operado lá pelo ano de 2035. O próprio dirigente da Santa Casa diz que há uma falta clamorosa de cirurgiões que tratam da ortopedia pediátrica.
Não entendo por que então não chamam um ortopedista que opera adultos e passem a operar esse menino urgentemente.
É uma barbaridade o que fazem com esse menino, que não consegue nem levantar a cabeça, e a imagem desoladora dele vai ao ar todos os domingos no Teledomingo.
Esse menino é um libelo que se faz contra o governo do Estado, contra o governo municipal de Porto Alegre e contra o governo federal, responsáveis pelo SUS. Como os três são responsáveis, então a responsabilidade passa a ser de ninguém.
Mas está sendo gasto quase R$ 1 trilhão dos cofres públicos para realizar no Brasil a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Isto não é uma cretinice nacional?
Como é que vão gastar fortunas colossais com esses três megaeventos e não há recursos para operar crianças paralíticas?
Como é que é? Eu sinto vontade de desaparecer do Brasil e não carregar mais no meu lombo essa vergonha.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "O menino paralítico"
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