Santo Agostinho, um dos pais da doutrina católica, disse uma vez, certamente quando ainda era jovem, embora já fosse santo, o seguinte, fazendo uma prece a Deus: "Senhor, dai-me castidade e moderação, mas não por enquanto".
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Pois o Senhor, que sempre faz o que pode, deu-me castidade e moderação agora, aos 73 anos.
Nunca é tarde. Olho para as mulheres hoje sem nenhuma ambição, tendo a certeza de que nunca mais poderei desfrutá-las.
É verdade que meu passado intenso de traquinagens, quando hoje fito as mulheres bonitas, volta-me à mente. Mas eu, sem nenhuma disposição, em face de minhas atuais limitações erógenas.
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Deus sabe o que faz, Santo Agostinho pedia a Deus para ser virtuoso só depois de velho.
Isso por ser impossível a um jovem ser virtuoso. Aliás, foi exatamente por isso que São Francisco de Assis foi mais importante para a Igreja Católica do que Santo Agostinho.
Meu pai me registrou como Francisco Paulo SantAna, ele próprio me disse, porque era muito católico e entendia que São Paulo e São Francisco eram os dois maiores santos da Igreja Católica.
E São Francisco foi mais significante para a Igreja porque conseguiu ser virtuoso, casto e resignado desde a juventude.
Santo Agostinho rogava a Deus para ser casto só depois de velho.
Era esperto esse Santo Agostinho.
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Ao mesmo tempo, cabe uma reflexão: será que era lícito a Deus exigir que Santo Agostinho fosse casto em sua plena virilidade?
Tanto não era, que o grande Agostinho se dignou pedir ao Senhor que permitisse que ele desse curso à sua virilidade. Por enquanto, como orava Santo Agostinho, quando ainda jovem.
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Por falar em santos, ocorre-me o que aconteceu com São Pedro, o apóstolo de Cristo.
Encarcerado pelos romanos, em Roma, foi condenado à morte.
Interessante é que São Pedro teve tempo, em sua peregrinação, para ir da Palestina até Roma, milhares de quilômetros de distância.
E, como pregava o cristianismo, foi condenado à crucificação pelos romanos.
Os romanos intentaram a crucificação por considerarem-na o maior suplício que poderiam impor a um vivente.
Então, Pedro, condenado, fez um último pedido aos seus carrascos: que eles o crucificassem de cabeça para baixo.
O último pedido de Pedro foi atendido pelos romanos.
E Pedro assim quis porque, em sua fidelidade a Cristo, queria sofrer mais que o Nazareno na cruz, de cabeça para baixo.
Podia existir maior exemplo de amor a Cristo? Pois queria sofrer mais que ele.
Isso tudo é verdade, isso tudo aconteceu, tanto que estive em Roma e lá existem dois locais - ou um - em que se pode ver até hoje os cubículos em que estiveram encarcerados São Pedro e São Paulo. Se não me engano, quando Pedro e Paulo foram crucificados, o imperador era Nero.
Por sinal, a crucificação é algo extremamente supliciante. Tanto que a palavra cruciante, que quer dizer torturante, deriva exatamente de cruz.
E, até hoje, quando uma pessoa sofre muito na vida por algum motivo, diz-se que "carrega a sua cruz".
Opinião
Paulo Sant'Ana: "A castidade"
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