Todas as tardes, a secretária Alcione Demori, 50 anos, sai do escritório de advocacia onde trabalha, no bairro Moinhos de Vento, e passeia com a filha do chefe.
A silhueta tranquila do bebê, no entanto, contrasta com a preocupação demonstrada por Alcione. Da Rua 24 de Outubro até a Silva Jardim, ela empurra o carrinho com firmeza, para evitar que uma laje solta ou um buraco interrompa o passeio.
Asituação vivida por Alcione se repete em boa parte dos bairros da Capital. A reportagem de Zero Hora percorreu alguns caminhos em diferentes regiões da cidade.
Além do Moinhos de Vento, foram examinados passeios de ruas na Auxiliadora, Floresta, MontSerrat, Bela Vista, Cristal e Santa Tereza. Em muitas calçadas, a ação das raízes das árvores levantou as lajes, reduzindo o espaço para a passagem dos pedestres. Além disso, faltam rampas de acesso nas esquinas.
- O maior problema são os buracos, mas as rampas ainda são muito poucas - relata a secretária, enquanto empina o carrinho no meio-fio para chegar à calçada, após atravessar a rua.
Em alguns pontos, o piso solto por causa das raízes deixa as pontas das lajotas expostas, o que aumenta o risco de lesões.
- Aqui, moram muitos idosos, e isso nos preocupa. Uma vizinha caiu, bateu com o joelho na pedra e teve que operar - conta a dona de casa Ivânia Brun, moradora do MontSerrat.
O calçamento desnivelado prejudica ainda mais as caminhadas em dias de chuva. Alcione afirma que transitar pela calçada esburacada é um exercício de paciência:
- Tenho de ficar olhando para o chão. E tem o velho problema de pisar em lajes soltas, que acumulam água embaixo e ensopam os pés.