Para conseguir o trabalho tão desejado, o engenheiro mecânico Marauê Pinheiro Nunes teve de se afastar dos familiares gaúchos e viajar 3,6 mil quilômetros para viver em Porto Velho, Rondônia. Aprovado em um concurso público, ele diz que pretende voltar assim que for possível, mas encara a experiência com tranquilidade, procurando tirar o lado bom de tudo.
Nascido em Jaciara (MG), Marauê veio adolescente para o Rio Grande do Sul, em 2000, com o objetivo de terminar os estudos. Durante a graduação na UFRGS, percebeu que precisava aperfeiçoar o inglês e passou seis meses na Austrália, onde também trabalhou como garçom, ajudante de barman e operário.
No retorno, fez estágio e, ao se formar, dedicou-se aos concursos públicos. Confira a trajetória desse engenheiro de 26 anos:
Dedicado a concursos
- Comecei a estudar para concursos em agosto de 2009, quando me formei na UFRGS. Acordava cedo, às 8h, e procurava estudar cinco horas por dia. Fiz um levantamento do que eu tinha de estudar de acordo com as provas anteriores e fiz tudo por conta própria. Geralmente caem matérias específicas de engenharia mecânica, português, inglês.
As conquistas
- Meu principal objetivo era passar no concurso da Petrobras, por causa dos benefícios, da participação nos lucros, do salário. É uma empresa grande, então a pessoa tem a oportunidade de trabalhar em diferentes lugares. Em 2010, passei em quatro concursos: Refap, Trensurb, Eletrobras e também na Petrobras Distribuidora, em 13° lugar.
Foco na Petrobras
- Em agosto de 2010, me convocaram na Eletrobras e me mudei para Candiota. Trabalhei até janeiro, quando fui chamado na Petrobras. O concurso da Petrobras é nacional, então precisa ir para onde houver vaga disponível. A única vaga aberta era em Porto Velho, em Rondônia. Se eu não quisesse me mudar, tinha de abrir mão do trabalho.
O terminal
- A Petrobras Distribuidora é uma das subsidiárias da Petrobras, que atua na comercialização e distribuição de derivados do petróleo para todo o Brasil. No terminal de Porto Velho, recebemos combustível das refinarias e álcool das usinas. Armazenamos tudo aqui, e os caminhões-tanque levam para usinas termelétricas, para abastecer postos e empresas.
Rotina de engenheiro
- Estou em Porto Velho há um ano e quatro meses. Trabalho em um terminal de distribuição de combustíveis: faço fiscalização de obras, produzo relatórios, contrato serviços na área de engenharia. É uma rotina boa, nada monótona. A empresa me proporciona cursos, no ano passado participei de alguns no Rio de Janeiro.
Sem estresse
- Faço horário comercial: começo às 8h e vou até meio-dia, com uma hora de almoço. Depois, fico até 17h - se precisar ficar mais tempo, ganho hora extra. Às vezes, preciso trabalhar algum sábado ou feriado. O terminal aqui só para sábado à tarde e domingo, então tem atividades que só podemos fazer nesses horários. Mas não tem estresse, é flexível.
Planos em conjunto
- Tenho uma namorada que veio para Porto Velho comigo, vamos nos casar até o final do ano. Ela é dentista e trabalha em uma clínica. No ano que vem, vou pedir transferência. Se não conseguir Porto Alegre, vou tentar mais perto, talvez Rio de Janeiro.
O lado bom das coisas
- Se tivesse alternativa, não escolheria Porto Velho, porque é muito longe da minha família, que mora no Rio Grande do Sul. Mesmo assim, vim com o pensamento de pedir transferência, que é possível depois de dois anos. Vim tranquilo, com o objetivo de tirar o lado bom das coisas. Pude conhecer uma cidade nova na região amazônica, o trabalho é bom, viajo bastante.
Longe de casa
Engenheiro sem fronteiras
Nunes deixou o RS para seguir carreira em Rondônia
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