Uma denúncia de corrupção que envolve a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é citada nesta sexta-feira pelo jornal francês Le Monde. De acordo com o periódico europeu, três dias antes da eleição, em outubro de 2009, uma empresa ligada ao brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho teria pago US$ 2 milhões (R$ 6,27 milhões) a Papa Diack, filho de Lamine Diack, à época presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). A suspeita é de compra de votos.
O caso é investigado na França desde dezembro de 2015. Segundo o Le Monde, a Matlock Capital Group – empresa ligada a Arthur Soares Filho e que fica nas Ilhas Virgens Britânicas – transferiu os valores (US$ 1,5 milhão) para a Pamodzi Consulting, empresa de Papa Diack, além de US$ 500 mil para uma conta do senegalês.
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A Justiça francesa suspeita que o dinheiro tenha sido usado para influenciar o voto de Lamine Diack na eleição que ocorreu em Copenhague, na Dinamarca. O Rio se tornou a primeira cidade sul-americana a sediar os Jogos ao derrotar Madri, Tóquio e Chicago na disputa.
Segundo o jornal francês, Arthur Cesar de Menezes Soares Filho é conhecido como "Rei Arthur" e tinha uma relação próxima ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que está preso. Soares Filho é investigado na Operação Calicute.
Papa Diack, ex-consultor de marketing da IAAF, foi banido do esporte por suposto envolvimento em casos de corrupção. Ele não deixa Senegal desde 2016. Lamine Diack vive em prisão domiciliar na França e responde a acusações de corrupção.
A eleição para a sede da Olimpíada é feita em etapas – uma candidata é eliminada a cada fase da votação. O Rio de Janeiro superou Madri na terceira rodada por 66 votos a 32. A cidade espanhol só teve vantagem na primeira rodada, quando teve 28 votos, contra 26 do Rio, 22 de Tóquio e 18 de Chicago. Na segunda rodada, o Rio conseguiu 46 votos, contra 29 de Madri e 20 de Tóquio.