
O Brasil ficou apenas em quarto lugar na fase de grupos no vôlei masculino. Mas bateu a Argentina, primeira colocada da outra chave, e se garantiu na semifinal olímpica. No caminho para tentar o terceiro ouro da história, a seleção pega a Rússia na semifinal e, se vencer, enfrentará Estados Unidos ou Itália na decisão. Paulão, campeão olímpico em 1992, fala sobre as chances brasileiras.
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Por que a seleção brasileira tem tido momentos de instabilidade?
O nível internacional está muito alto. No nível técnico da Olimpíada, os times têm muito volume de jogo, muita defesa. O Brasil está com um pouco de dificuldade neste contexto. Vem de vários e vários anos com ponteiros muito técnicos, muito rápidos. E nesta geração não temos o mesmo volume que tínhamos. Somando o nível técnico elevado a não ter essas feras como Giba, Giovane, Dante, Murilo, isso dificultou um pouco. O Lucarelli está sobrecarregado. Bernardinho escala entre Lipe e Maurício, Douglas é muito novo ainda. Isso tem dificultado esse volume de jogo. O Brasil tem técnica, então isso salva um percentual bem interessante.
Representa algo ter ficado em quarto no grupo?
Não, porque Olimpíada pode ficar em qualquer lugar na fase de grupos, qualquer um pode ser campeão olímpico. Algumas seleções surpreenderam, outras nem tanto. Quem assistiu a Itália e Irã, foi 3 a 0, mas o Irã teve a bola e poderia ter fechado os dois primeiros sets. Não tem times mais ou menos. O nível técnico é muito alto. O Brasil chegou à semifinal devido à escola, à camisa, à qualidade dos seus jogadores. Falta um pouquinho para estar acima de Estados Unidos e da Itália, que são os grandes adversários hoje.
A vitória sobre a Argentina revigora o moral da equipe?
Sem dúvida, é um novo campeonato. Tem que repensar a equipe, tática, lesões. São muitos fatores agora. É uma competição que tem um peso extra, por mais que os jogadores digam que não. Existe uma carga emocional, uma cobrança por medalha jogando em casa. Isso interfere.
Quais as chances de ouro?
Das quatro equipes semifinalistas do vôlei masculino, qualquer uma pode chegar. Acredito muito no volume contra a Rússia, que tem um bloqueio forte. Não precisa sacar 100%, se sacar bem e não enfrentar o bloqueio, usar nossa técnica e nosso volume de jogo deixando o time russo errar, tem muitas chances de chegar à final.
O que você espera da seleção russa?
É uma seleção que não tem tanta pegada de ataque com a geração passada, que tinha atacantes mais técnicos. A Rússia tem força e bloqueio, mas vinha de uma geração diferenciada. Não é a mesma seleção, assim como o Brasil. Vai ser um jogo de detalhes. A Rússia teve muita dificuldade contra a Argentina, que tem mais volume. Os times que fizeram volume de jogo com a Rússia, eles tiveram dificuldades.
O Brasil perdeu para os dois semifinalistas da outra chave. Isso pesa de alguma forma?
É outro jogo. Pesa o emocional, mas dá uma motivação bem maior também. Vimos os erros que eles fizeram contra as duas equipes. Os Estados Unidos estavam quase fora e encontraram o caminho, são os favorito. Foram a seleção que mais se acertou. E a equipe que mais se acerta dificilmente perde a medalha. Ela fez durante a campanha um grande salto de qualidade.
*ZHESPORTES