As piscinas dos saltos ornamentais e do polo aquático causaram polêmica ao ficarem com a água esverdeada entre terça e quarta-feira, durante as provas da Olimpíada do Rio de Janeiro, no Parque Maria Lenk. A Federação Internacional de Natação (Fina) resolveu o problema e assegurou que não havia qualquer risco à saúde dos atletas. A justificativa diz que houve falta de colocação de produtos químicos para regular o pH da água. ZH conversou com especialistas para tentar entender o que pode ter acontecido.
De acordo com Jefferson Cavalcante, supervisor operacional do Grêmio Náutico União, o tratamento da água das piscinas piscinas exige cuidado recorrente. No clube, operadores de piscina fazem o cuidado a cada 10 minutos para revisar as condições e uma empresa terceirizada é contratada como responsável pela parte técnica. Para Cavalcante, fatores externos podem ter influenciado a cor da água nas piscinas cariocas.
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– Pode ter sido a água da chuva, que cria um limo. Ou mesmo o preenchimento da piscina com água pública que, se não for tratada, pode influenciar também – explicou. Segundo Cavalcante, neste caso, seria necessária a utilização de um produto químico para levar o limo ao fundo da piscina e, em seguida, aspirá-lo.
Para Renata Medina, professora de microbiologia da faculdade de Biociências e pesquisadora do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUCRS, as condições no Rio e o fato de o local ser aberto permitiram a proliferação de organismos que deram a coloração à água:
– São pequenos organismos, mas que em grandes quantidades podem mudar a cor da água. Não tem como saber daqui exatamente o que originou isso. A água tinha nutrientes. Estes organismos precisam de luz para fazer fotossíntese, e o local é aberto. Então, fatores como incidência do sol e temperatura amena tornaram a situação adequada para os organismos se proliferarem.
Mário Andrada, porta-voz do Comitê Organizador Rio 2016, afirmou que a coloração incomum se deu por conta de uma "proliferação inesperada de algas na piscina".
– Fizemos um evento teste na piscina e não houve problema, mas desta vez houve mais uso e mais atletas, e isso fez parte de uma combinação de fatores. Houve um desequilíbrio químico causado pelo decréscimo de alcalinidade da água – disse Andrada.
Na avaliação de Roberto Damiani, professor do curso de biomedicina da UniRitter, o cuidado constante com a medição do pH é essencial para evitar que o caso se repita:
– Podem ser várias causas e é difícil opinar à distância, mas é comum o esverdeamento da água em piscinas de casas e clubes. Tem que haver um cuidado constante para corrigir o pH.
O que é o pH?
De acordo com os responsáveis da Fina, o problema foi causado pelo desnível no índice de pH da água – sigla que quem tem piscina em casa provavelmente ouve com frequência. O pH significa potencial hidrogeniônico, índice que aponta se a água está ácida, neutra ou alcalina. A falta de alcalinidade foi, no caso da piscina do Rio 2016, o que teria causado o esverdeamento.
*ZHESPORTES