Da maior vaia da história do futebol, no segundo tempo da prorrogação, enquanto os alemães tocavam a bola, ao canto de guerra novo, criativo e orgulhoso, as 65 mil pessoas que foram ao Maracanã não mereciam nada além de ouro, ouro e mais ouro. A seleção não teria conseguido superar a Alemanha sem ela, a torcida.
Na Copa das Confederações, em 2013, à medida que a Seleção ia passando de fase até o título contra a Espanha, o grito de guerra era assim:
– ôôôô, o campeão voltou, o campeão voltôôÔÔ....
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Assim mesmo, sem o "u" no "voltou", em nome da rima.Depois, como que antevendo a tragédia do Mineirão, na Copa de 2014, o canto escolhido foi o da corneta nos argentinos e em Maradona, numa elegia emocionante a Pelé:
– Mil gols, mil gols, mil gols, mil gooools! Só Pelé, só Pelé....
Neste sábado, a torcida brasileira ganhou uma nova canção, e ela embalou a inédita medalha de ouro sobre a Alemanha. Que não é aquela mesma do 7 a 1, mas veste a mesma camiseta e joga conforme a mesma cartilha.
– Uh, sai do chão quem é pentacampeão!
Pegou. Mas pegou mesmo, porque muitos torcedores foram apresentados ao novo grito de guerra pela primeira vez. O que se viu no Maracanã foi uma catarse. As pessoas cantavam de pé e pulavam, ao contrário das outras canções, não raro entoadas com o público sentado. Sim, o 7 a 1 é uma realidade dura e inesquecível, mas os cinco títulos mundiais também são. E ninguém os têm. Uma rima que atingiu o orgulho do coração brasileiro como se fosse uma fecha de cupido.
Ou um raio, de Usain Bolt.
O homem do triplo tri, único velocista de todos os tempos a vencer 100m, 200m e revezamento 4x100m de forma consecutiva, em Pequim-2008, Londres 2012 e Rio 2016, apareceu no Maracanã. O jamaicano ficou pertinho do gramado para torcer e retribuir o carinho dispensado a ele pela torcida. O telão mostrou. Neymar agradeceu imitando o gesto do raio no seu golaço de falta. Bolt ergueu os braços e aplaudiu.
A torcida fez diferença porque ajudou a manter o time atentol. Vibrou com Rodrigo Caio dividindo bola com o centroavante Selke. Com balão de Douglas e falta cometida por Gabriel Jesus. Quando percebia algum alemão livre, gritava, como se avissasse a seleção de Micale. No comecinho do segundo tempo, falta na entrada da área para a Alemanha. Tensão. Silêncio. Gnabry cobrou na barreira.
– Êêêêêêêêê!!!!!
Um berro de 70 mil vozes como se fosse gol do Brasil. E era só a bola batendo na barreira. No segundo tempo, a certa altura, a Alemanha começou a trocar passes cada vez mais perto de Weverton. E veio o gol de empate da Alemanha. Então, o que fez a torcida? Não se abateu. A posse de bola alemã era vaiada ao ponto de não se ouvir o companheiro do lado.
– Uh, sai do chão quem é pentacampeão!
Foi assim durante o restante do segundo tempo. E na prorrogação. E nos pênaltis. A torcida brasileiro que veio ao Maracanã não merecia nada que não fosse o o título. Fez-se um silêncio, antes do pênalti decisivo de Neymar, que dava para cortar o ar. Mas a explosão da torcida para dar o título que faltava aoi Brasil no futebol, esta o Maracanã nunca tinha presenciado. E saíram todos pelas ruas do Rio, cantando assim:
– Uh, sai do chão quem é pentacampeão!
Opinião
Diogo Olivier: "Uh, sai do chão quem é pentacampeão!"
A seleção não teria conseguido superar a Alemanha sem ela, a torcida
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