O esporte é pouco conhecido, mas as jogadoras são particularmente lindas. O tipo de exercício exigido para se praticar polo aquático produz corpos esculturais nas mulheres. Mesmo que você não saiba quantas são para cada lado ou o tempo de duração de um jogo, já deve ter visto alguma foto delas nesta Olimpíada. Ou recebido pelo celular, em grupos de mensagens, trocadas com certa ansiedade pelo público masculino e com resignada admiração pelo feminino. Viralizou na Rio-2016. E a culpa é da puxada. Do maiô.
Puxada, aprendi nesta quarta-feira ao conversar com a atacante Diana Abla, bem articulada atacante da seleção, é como se chama quando a adversária agarra o maiô de sua oponente. Acontece direto durante os quatro quartos de oito minutos que compõem um jogo. A mão resvala no corpo molhado e crava na alça do maiô. Na maioria das vezes, é sem querer. Nas outras, nem tanto. A partir daí, qualquer movimento pode desnudar o que, em tese, deveria ficar escondido. E emergem seios e até nádegas - o maiô é inteiro – rijos como o mármore.
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– Claro que vai aparecer bunda e peito. É natural no nosso esporte, disputado na água e com as meninas de maiô, que não pode ser grandão, para liberar os movimentos. Mas a sexualização disso é de quem vê, e não nossa. A gente nem percebe, tal é o foco no que deve ser feito – diz a goleira Victoria Chamarro, 21 anos.
Na verdade, elas encaram os olhares masculinos arregalados sem estresse. Perguntei se não viam preconceito ou até machismo ao serem expostas dessa maneira, deixando a parte técnica de lado. Izabella Chiappini, que fez quatro gols na derrota do Brasil para a Rússia por 14 a 7, foi escolhida a segunda melhor jogadora do mundo no ano passado. Diana vê até um lado positivo na viralização de peitos e bundas enquanto elas nem percebem que está aparecendo tudo:
– O polo aquático é desconhecido no Brasil. Então, se isso fizer as pessoas tomarem o primeiro contato, ou ao menos desviarem o olhar de alguma maneira, pode ser um jeito enviesado de a modalidade ficar conhecida. A mim, não incomoda. Não estou nem aí.
Seios e bundas escapam não só pela puxada, mas pela violência do contato físico. Futebol é brincadeira de nenê perto do que acontece embaixo da água. Exclusões por alguns minutos, em razão de falta forte, ocorrem com a regularidade dos gritos da torcida. São os populares caldinhos, as tais puxadas, chutes com as pernas. Sobra até soco, como o da brasileira Gabriela em uma italiana, depois de passar metade do jogo apanhando. Quarta, contra a Rússia, a craque Iza apareceu para conversar com um sinal vermelho logo abaixo do pescoço.
– O que é isso? – perguntei.
Ela devolveu com outra pergunta:
– Isso o quê?
– Esse vermelhão aí, quase no pescoço.
Iza olhou para baixo e lembrou:
– Ah, uma unhada. Nada demais. Essas russas são duronas. Sabíamos que seria assim. Vi só agora. As pessoas exageram muito! O polo é isso: o bicho pega mesmo.
Sim, mas e as fotos dela quase pelada, como já aconteceu com jogadoras da seleção espanhola, por exemplo, com peitos inteiros desnudos fora d'água? Iza riu. Fez até careta.
– Ih, já vi meus peitos pelo Whats várias vezes. Se eu for me preocupar com isso, nunca mais caio na piscina. Acho que deveriam falar mais da gente pelo que estamos fazendo, tentando evoluir no esporte. Mas nem esquento. Na verdade, não estou nem aí.
Se você quiser conferir, ainda dá tempo. O Brasil levou 9 a 3 da Itália e 14 a 7 da Rússia. Possivelmente perderá ainda para a Austrália, sábado, mas mesmo assim se classificará. A primeira fase do torneio só define os cruzamentos dos dois grupos de quatro seleções. O líder pega o último nas quartas de final, e assim por diante.
E pode conferir sem receio de ser politicamente incorreto: elas não está nem aí.
*ZHESPORTES