
O grito e o choro após a vitória sobre a Itália no último domingo, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, vão ficar para sempre na memória de Bruninho, levantador da seleção brasileira de vôlei. Com uma carreira vitoriosa, de títulos mundiais, sul-americanos e nacionais, o ouro olímpico era o que faltava para coroar de vez anos de dedicação ao esporte. Principalmente após duas medalhas de prata, nas Olimpíadas de Pequim e Londres.
Filho do técnico Bernardinho, o atleta sempre teve que lidar com a pressão de que só estava naquela posição porque era "filho do homem". Mas Bruno amadureceu, ganhou o mundo e agora não precisa provar mais nada para ninguém. De férias, o levantador se prepara para voltar a defender um clube do Brasil, o Sesi-SP, após dois anos no Modena, da Itália. Em entrevista ao DC, Bruninho falou sobre a medalha de ouro, carreira e a relação com Florianópolis, onde apareceu e foi formado como pessoa e profissional.
Olimpíada diferente, com uma nova geração, sem referências como Giba, Murilo e Dante. Que balanço você faz?
Foi muito bom e conquistamos esse ouro tão sonhado e sofrido. Após um início irregular, quando tivemos a corda no pescoço contra a França, soubemos sair daquela situação e crescer. A partir dali o time começou a sacar melhor e a ser muito agressivo. O grupo acreditou que poderia, a torcida veio junto e foi uma superação.
O momento mais tenso da competição foi o jogo com a França então.
Foi sim. Era um jogo de vida ou morte e ali a derrota significaria um fracasso total. Sair fora antes das quartas de final. Então, sem dúvida, foi o momento mais difícil.
Medalha de ouro, tarja de capitão...Você ainda precisa provar alguma coisa por ser filho do Bernardinho?
Faltava ela (medalha de ouro) para acabar mesmo com tudo isso, se restava ainda alguma dúvida. Eu precisava dela, era uma coisa minha também. Era o maior sonho da minha vida. Valeu muito a pena.

Falando em Bernardinho, gostaria que ele continuasse à frente da seleção?
Ainda não conversamos, mas eu, como filho, acho que o momento é dele desacelerar, não dá para fazer clube e seleção, acho que ele não tem mais idade de ficar nessa. Espero que ele possa pesar bem e vamos ver a decisão dele.
Como você vê esse novo ciclo que vem pela frente? Você está com 30 anos e agora vai ser ainda mais referência para outra geração de jogadores.
Com certeza eu tenho muita vontade de continuar jogando pela seleção, mas eu preciso estar bem. Agora é colocar novas metas, novos objetivos, me cuidar, para que eu possa ter a oportunidade de jogar mais uma Olimpíada. O projeto, sem dúvida alguma, é continuar na seleção, com mais experiência, mais vivência, mas eu preciso trabalhar e treinar para isso.
E a expectativa de retornar ao Brasil após dois anos na Itália? E voltar a ser treinado pelo Marcos Pacheco, com quem você foi tão vencedor na Cimed?
Estou muito feliz. Calhou perfeito, ainda mais depois dessa conquista olímpica e a gente poder fomentar de certa forma a nossa Superliga e fazer o vôlei crescer ainda mais. Temos um bom time no Sesi-SP, bem treinado pelo Pacheco. E essa oportunidade de trabalhar com ele de novo, um cara que conheço bem, vai ser muito legal.

O que significou as sete temporadas que você jogou pela Cimed, na Capital?
Foi incrível. Significou tudo, meu crescimento, amadurecimento. Foi onde eu virei homem, um jogador respeitado mesmo. E aquele grupo, principalmente no tricampeonato, era uma família, que me fez um cara ainda melhor. Tudo o que eu aprendi com aquelas pessoas é algo que vai ficar para sempre na minha vida.
Por isso essa ligação forte com Florianópolis, mesmo após tanto tempo?
Eu adoro a cidade. Tenho uma ligação e um carinho muito forte por Floripa. Ainda tenho meu apartamento e muitos amigos. Quero poder passar uns dias de folga e curtir um pouco.

Abraço emocionado com o líbero Serginho logo após a vitória sobre a Itália:
Um momento de alívio e de alegria. Sofremos juntos, oito anos, em Pequim, depois Londres e ali foi um choro de alívio, de emoção. Tive a honra de defender a seleção com esse amigo, com esse exemplo que é o Serginho. Foi um choro por todo o sacrifício que a gente passou, foi demais. Uma cena que vai ficar para sempre. Ele é incrível.