
A notícia do corte dos atletas das seleções feminina e masculina de vôlei nos faz lembrar um pouco dos tempos de escola, das equipes escolhidas pelos colegas na hora do recreio, das aulas de educação física. A escolha do professor não era legal quando éramos preteridos por outros colegas para jogar ao montar o time, torcíamos de fora com a ilusão e a perspectiva de ser chamado. Passa o tempo e procuramos um clube, um time, uma escolinha na expectativa de aprimorar a paixão pela modalidade escolhida: vôlei, basquete, judô, ginástica, natação...
Treinamos, treinamos, abrimos mão de tudo, pois a equipe é o mais importante. O compromisso assumido pesa entre uma festa e a concentração no fim de semana de jogos. Crescemos mais um pouco, e os sonhos continuam. Quem sabe uma possível convocação para seleção gaúcha? Quando você lê seu nome na lista, nossa. O mundo se transforma de uma expectativa à realidade, em fazer parte dos melhores! Haja emoção...
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Passa mais um tempinho e você é surpreendido com seu nome na lista da seleção brasileira. O mundo fica pequeno de tanta felicidade, a boca dói de ficar rindo demoradamente e sonhando. Sonhando em participar com os melhores, nos melhores campeonatos do planeta. Objetivo? Jogar uma Olimpíada. Seria um sonho realizado defender o seu país e ter os aros olímpicos no peito. E por que não um pódio olímpico? Sim, a motivação é o combustível para um atleta sonhador, tem a mesma força que o pulsar do coração, nos empurra e nos leva sempre para frente. Mas vem a decisão do técnico e, assim como na escola que fui preterido pelo meu professor e não participei da equipe da escola, também não fui escolhido para disputar a olimpíada. É um choque, muitas vezes arrasador.
Parece pequeno fazer uma relação da equipe da escola com a equipe olímpica. Mas não é. Nossa vida, tanto nos treinos quanto no dia a dia, os sonhos e perspectivas se cruzam e nem sempre saem como planejamos. Se faltou treino, empenho, determinação, agora não importa. Ser cortado e não jogar a tão sonhada olimpíada no Brasil dói no coração. Vi e ouvi com tristeza as declarações da Camila Brait e do Murilo, cortados a 15 dias dos Jogos do Rio. Não tem como não se emocionar, na hora vem tudo aquilo na memória que um grande atleta, como eles são, passam. Mas a vida segue, o que fizeram pelo nosso vôlei já ficou marcado no peito com muito orgulho. Só podemos agradecer com o coração apertado toda a dedicação e o amor doados por todos que foram cortados da seleção. Muito obrigado.
Saudações olímpicas.