
As cidades do Rio de Janeiro e de Niterói oficializaram nesta quinta-feira (1º) a candidatura conjunta para sediar os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031. A Panam Sports aceitou o dossiê apresentado pelas duas cidades, o que as coloca oficialmente na disputa com Assunção, capital do Paraguai, pela organização do evento continental. A definição da cidade-sede será feita em agosto deste ano.
A proposta fluminense prevê um orçamento de R$ 667,5 milhões, com foco no aproveitamento da estrutura já existente nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Entre os locais incluídos no projeto estão o Parque Aquático Maria Lenk, o Parque Olímpico da Barra e outras arenas já consolidadas. A Vila Pan-Americana, por sua vez, seria construída na região do Porto Maravilha, como parte de um novo pacote de reurbanização da área central.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta, o secretário municipal de Esportes do Rio, Guilherme Schleder, destacou que a experiência olímpica é uma base sólida para garantir responsabilidade fiscal e resultados duradouros.
— Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 nos deram a fórmula para organizar um grande evento: nenhum desperdício de recurso público, muita parceria com a iniciativa privada, instalações esportivas eficientes e o maior número possível de legados. Nosso projeto segue à risca essa receita — afirmou.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também participou da apresentação e reforçou o compromisso das cidades com um evento que vá além dos interesses locais.
— Queremos aprender com todas as nações das Américas, ouvir sugestões e compartilhar conhecimentos. Dessa maneira, organizaremos Jogos grandiosos não só para os cariocas e para o povo brasileiro, mas também para todo o continente — disse.
Um dos elementos mais simbólicos da candidatura é a união entre Rio e Niterói, que resgata a fusão institucional dos antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, ocorrida há 50 anos.
— Niterói tem uma pintura atrás que é a cidade do Rio de Janeiro. E vemos as belezas de Niterói também. Niterói e Rio têm essa baía que nos liga, duas cidades muito bonitas, com paisagens incríveis, equipamentos icônicos—destacou Paes, mencionando, entre outros exemplos, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), que oferece uma vista única do Rio ao fundo.
A proposta logística do projeto prevê que nenhuma arena fique a mais de 40 minutos da vila dos atletas, com exceção das partidas de futebol, que devem ocorrer em outras cidades do estado. Além disso, a candidatura inclui a promessa de tirar do papel um antigo sonho de mobilidade: a Linha 3 do metrô, que ligaria Rio e Niterói por meio de um túnel submarino.
Do ponto de vista da gestão pública, os líderes das duas cidades afirmam que eventos dessa magnitude funcionam como motores de transformação urbana.
— Essas competições esportivas são inspiradoras para sonhos que, eventualmente, em tempos normais, não realizaríamos — apontou Eduardo Paes.
O prefeito do Rio ainda listou outras obras que vieram com os Jogos Olímpicos de 2016.
— Será que teríamos feito a implosão da Perimetral, os túneis, o Boulevard Olímpico, os BRTs, sem a provocação olímpica? É difícil. Mas o legado está aí — pontuou Paes.
A candidatura será avaliada por 41 Comitês Olímpicos Nacionais que compõem o colégio eleitoral da Panam Sports, somando 53 votos. Países que já sediaram os Jogos Pan-Americanos têm direito a dois votos, o que amplia a disputa com Assunção, que busca levar o evento pela primeira vez ao Paraguai.
— O Movimento Olímpico Brasileiro já havia referendado essa candidatura. Iniciamos uma gestão que trabalha para ajudar a transformar o Brasil numa Nação Esportiva, onde a prática esportiva esteja cada vez mais enraizada na sociedade. E ter grandes eventos em nosso país só reforça isso. Temos certeza que Rio e Niterói farão uma grande edição de Pan e o COB dará todo seu apoio para que a candidatura seja escolhida — frisou o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta.
Caso seja escolhida, essa será a segunda vez que o Rio de Janeiro receberá os Jogos Pan-Americanos - a primeira foi em 2007. Desta vez, com Niterói como parceira e um novo foco em infraestrutura sustentável e legado urbano, a expectativa é de repetir o protagonismo internacional com responsabilidade e visão de futuro.