
Imagine-se correndo uma maratona. O suor escorrendo, a respiração ritmada e, nos ouvidos, aquela música que dá o gás extra para continuar. Para muitos corredores amadores, a playlist é uma aliada indispensável.
Contudo, para atletas olímpicos e corredores de elite em maratonas oficiais, escutar música durante competições não é uma possibilidade. A razão? Regulamentações que visam garantir equidade e segurança nas competições.
Mas e no dia a dia dos treinos de um atleta amador? A música é uma aliada ou um obstáculo? Para Josué Borges, 32 anos, os fones de ouvido são mais do que um acessório, são parte da estratégia para manter o foco e a motivação.
— Já experimentei treinar sem música e percebo que fico mais disperso na corrida, especialmente para alcançar os objetivos específicos de cada treino. A música também está muito ligada ao meu estado de humor do dia — explica.
O efeito da trilha sonora no desempenho também é algo que Josué percebe claramente.
— A corrida exige concentração, e estranhamente, consigo me concentrar melhor quando estou ouvindo música em vez de lidar com o barulho externo das ruas.
Glauco Pazzini Goulart, 34 anos, também vê a música como uma ferramenta fundamental nos treinos de longa distância.
— Nos meus treinos que demandam alto volume de quilômetros, escuto sempre música. Ela me concentra, me acalma e tranquiliza a mente para enfrentar sessões de 1h30, 2h e até 2h30 — conta.
Ele utiliza a música como um antídoto contra a monotonia e a solidão dos treinos longos, que exigem esforço e dedicação.
— A música influencia muito no meu desempenho. A corrida é um esporte mental, e ouvir música aumenta meu nível de concentração e disciplina, fatores essenciais para atingir meus objetivos — diz Glauco.
Confira a playlist dos corredores ouvidos por Zero Hora
- Don't Stop Me Now - Queen
- Acima De Mim Só Deus - Filipe Ret, Mãolee, Maru2d
- Melhor Forma - Lukinhas e Kiaz
- Vou Querer De Novo - Thiaguinho
- Principia - Emicida
- Flor de Lis - Djavan
- Bohemian Rhapsody - Queen
- I Want to Break Free - Queen
- Big Jet Plane - Alok, Mathieu Koss
- Felicidade - Seu Jorge
- Tá Escrito - Revelação
- Eu Estive Aqui - Ludmilla
- Don't Lie - Black Eyed Peas
- Every Teardrop Is a Waterfall - Coldplay
O som do silêncio e da torcida
Para alguns corredores, a ausência de música não é uma limitação, mas sim um diferencial. Paula Lorenzoni, 33 anos, prefere correr sem fones para sentir melhor o corpo, manter a percepção do esforço e garantir sua segurança. Estar atenta ao trânsito, aos ciclistas e até mesmo ao som da própria respiração é, para ela, uma forma de conexão com a corrida.
Paula acredita que abandonar a música foi determinante para sua evolução como corredora.
— Quando eu decidi que não iria correr mais com fone, foi um marco na minha evolução. Eu consegui sentir meu corpo, perceber em qual zona de esforço estava, controlar minha respiração. Isso melhorou meu desempenho.
Eduardo Spinello Rodrigues, 39 anos, também vê vantagens em correr sem música, especialmente em treinos mais exigentes. Para ele, a playlist tem lugar apenas nos treinos leves, quando a corrida funciona como um momento de relaxamento. Já em treinos intervalados, fartleks ou longões, prefere se concentrar totalmente no próprio corpo e na resistência mental que essas atividades exigem.
Nas provas, tanto Paula quanto Eduardo compartilham uma fonte de motivação semelhante: o incentivo da torcida. O barulho das pessoas gritando palavras de apoio ao longo do percurso substitui qualquer playlist e se torna um combustível extra nos momentos mais difíceis.
— O barulho da torcida é o principal combustível quando o "tanque" começa a esvaziar. O incentivo, com gritos de "vamos", "bora", "pra cima", é um grande diferencial e faz com que as dores desapareçam — descreve Eduardo.
Música nas competições oficiais
Se para corredores amadores a música pode ser um diferencial, nas competições oficiais a realidade é outra. O Comitê Olímpico Internacional e algumas federações de atletismo proíbem o uso de fones de ouvido em provas de alto nível para evitar que a música influencie o ritmo dos atletas e lhes dê alguma vantagem indevida.
Além disso, a restrição busca garantir a segurança no percurso, evitando que os atletas deixem de ouvir instruções de voluntários, avisos importantes ou a aproximação de outros corredores.
Em competições de corrida de rua, como a Maratona NB42K, corredores amadores têm a liberdade de escolher se querem ou não ouvir música durante a prova, podendo usar fones de ouvido, desde que não integrem o pelotão de elite da prova.
Essa flexibilidade permite que cada corredor personalize sua experiência, seja com fones nos ouvidos ou ouvindo apenas o som do próprio corpo, cada corredor encontra a sua maneira ideal de percorrer os quilômetros. No final, o que importa é cruzar a linha de chegada com a sensação de missão cumprida.

Já pensou em correr uma maratona?
Atualmente Porto Alegre conta com duas maratonas, a Maratona Internacional de Porto Alegre, prevista para 8 de junho (domingo), e a NB 42K, que neste ano ocorre a partir das 5h55min de 27 de abril (domingo) em Porto Alegre, com transmissão ao vivo na Rádio Gaúcha e no Youtube de GZH.
A largada da maratona será no Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção, e a chegada será no Residencial Golden Lake, na Avenida Diário de Notícias. Os percursos de meia-maratona (10 e cinco quilômetros) têm início e conclusão no Golden Lake.
Serviço da prova NB 42K Poa
- Data: 27 de abril de 2025 (domingo)
- Local: Porto Alegre
- Provas: 42km (maratona), 21km (meia maratona), 10km e 5km
- Transmissão ao vivo na Rádio Gaúcha e no Youtube de GZH
*Produção: Gabriela Ferreira