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O circuito do tênis exige dos jogadores não só capacidade física, mas também um poder de adaptação às condições climáticas, além das características de cada piso.
As quadras tem dimensões idênticas para os jogos de simples masculino e feminino, assim como para as duplas de homens, mulheres e mistas.
Cada torneio tem um piso específico. O Rio Open é disputado no saibro, a chamada terra batida. Ele é feito com pó de tijolo, gerando o tom avermelhado nas quadras.
O mais tradicional torneio neste piso é Roland Garros, onde Rafael Nadal reina absoluto com 14 títulos e Gustavo Kuerten se consagrou tricampeão.
Os jogos no saibro geralmente são mais lentos, pois a bola de tênis tem um maior atrito com o solo e perde velocidade, facilitando longas trocas do fundo de quadra. Outro ponto característico é o deslocamento lateral dos tenistas, que conseguem deslizar com maior facilidade.
— O saibro é meu preferido. Cresci nele. No Brasil a gente sempre joga no saibro. Pelo meu estilo de jogo, de fundo de quadra, de gostar de pontos mais longos é meu favorito — diz Rafael Matos, tenista gaúcho que foi campeão de duplas do Rio Open de 2024 com o colombiano Nicolás Barrientos.
Grama e piso duro
O torneio mais tradicional do mundo é Wimbledon, que carrega toda fleuma britânica, onde os atletas só podem atuar vestindo roupas brancas e um código específico é adotado até para definir os cabeças de chave. Além disso, as partidas acontecem na grama, piso que é raro dentro do circuito e utilizado apenas em outras quatro competições.
— A grama é o extremo. Bola bem baixinha, muito rápida e predomina o saque e o voleio. É bem difícil jogar no fundo da quadra e correr também é um pouco mais complicado — explica Matos.
A manutenção da quadra de grama é mais complexa. Uma das características está na altura da grama que é de oito milímetros.
Este tipo de piso gera pouco atrito com a bola e proporciona jogos mais rápidos e faz os tenistas terem outra forma de jogar, com saques mais agressivos e muitas subidas à rede. Roger Federer foi vencedor oito vezes do torneio que tem seu troféu entregue por membros da realeza britânica.
O piso duro ou sintético é utilizado em dois dos torneios do Grand Slam, Australian Open e US Open. Estas quadras tem uma camada interna de borracha e a velocidade do jogo está diretamente ligada à espessura desta camada.
Quadras com menos borracha são mais velozes, enquanto as mais ásperas tem um velocidade menor. O piso duro favorece trocas de bola mais rápidas e favorece os jogadores com saques mais potentes. Novak Djokovic soma 14 troféus nestas condições, sendo 10 na Austrália e quatro nos Estados Unidos.
— Na dura o jogo é mais rápido, a bola vem um pouco mais baixa. Existe variações de quadras rápidas, com algumas mais que as outras, onde a bola desliza mais ou desliza menos — define Rafael Matos.
Indoor e outdoor
Uma outra condição que influi nos jogos, além do piso é a climática. Calor excessivo, frio, vento são fatores que podem definir jogos e exigem de cada tenista uma rápida adaptação.
Os principais torneios ainda têm a possibilidade de jogos serem disputados outdoor (céu aberto) ou indoor (teto fechado) o que também é fator que pode mudar o curso de uma partida.
— Cada semana em um lugar. Nas últimas semanas eu passei entre Austrália, Europa, América do Sul. Fuso trocando, calor, frio, umidade. Muitos fatores que influenciam — comenta Rafael Matos, que em 2023 foi campeão de duplas mistas no Australian Open, ao lado de Luisa Stefani.
Competições indoor também estão dentro do calendário, especialmente as jogadas no inverno europeu e o ATP Finals, como aconteceu em 2000, quando Gustavo Kuerten foi campeão em Lisboa e se tornou o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial.