
Um dia especial para as crianças e adolescentes do Projeto Tênis na Lagoa — Instituto Mirania Gomes Borges, na quadra pública no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro. Assim foi o domingo (16) véspera da abertura oficial do Rio Open.
Em uma ação com a nova parceira do projeto, a Asics, o tenista italiano Lorenzo Musetti, atual 16º do mundo e semifinalista de Wimbledon, esteve na quadra pública, bateu um papo respondendo às perguntas dos jovens de 6 até 18 anos de idade e ainda bateu um pouco de bola com os alunos do projeto mais longevo do Rio de Janeiro que completou 20 anos em 2024 e já atendeu mais de cinco mil crianças contando atualmente com 220.
— É uma ideia muito legal esse projeto, um privilégio. Acho que o esporte pode mudar vidas, estou muito feliz em poder participar disso — disse o italiano que é o segundo favorito para a disputa do Rio Open, maior torneio da América do Sul, que começa nesta segunda-feira.
Com uma lesão na panturrilha direita, ele comentou sobre suas condições.
— Não estou tão bem como queria, vamos ver se poderei estar em condições, vou decidir nos próximos dias, espero estar em quadra— completou o medalhista de Bronze dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.
Musetti comentou sobre a estrela brasileira, João Fonseca e deu um conselho para ele.
— João é um cara muito legal, tem um grande potencial, meu conselho para ele é se divertir em quadra, pois às vezes pode ser estressante quando todo mundo está falando sobre ele e ficar rodeado de pessoas que estão e que amam ele — comentou o tenista 22 anos que esteve na equipe da Itália bicampeã da Copa Davis em 2023 e 2024.
Crianças vibram após encontro com italiano
Maria Giulia, de 14 anos, aluna do projeto, que disputa a final do torneio Winners nesta segunda-feira (16), o torneio dos projetos sociais do Rio Open, comentou sobre a experiência:
— Foi maravilhoso conhecer ele, é um jogador muito bom. Ele mostrou pra gente que tem muita coisa além do esporte, não é só competir, não é só ganhar ou perder. Isso ajuda com as coisas da vida. Cada um tem sua vida fora do esporte, mas o tênis ajuda bastante na parte de educação pois é preciso disciplina.
Alexandre Borges, coordenador do Tênis na Lagoa e idealizador do projeto, comentou sobre a presença de um jogador do top 20 no projeto.
— Acho muito importante pois aumenta a imaginação da criançada em querer jogar mais tênis, ter um ídolo por perto, um cara entre os 20 do mundo, dá mais ânimo. A garotada saindo da comunidade, praticando o esporte, ver um ídolo de perto, gente fina, ainda vestindo a camisa do Brasil e do nosso projeto foi muito bom.
Sobre o Projeto Tênis na Lagoa
Fundado em 2004 por Alexandre Borges, professor e apaixonado por tênis desde a infância, o Projeto Tênis na Lagoa — Instituto Mirania Gomes Borges surgiu inicialmente como uma iniciativa particular para atender a crianças e a adolescentes de comunidades em situação de risco do Rio de Janeiro. Em 2020, o projeto tornou-se Instituto Mirania Gomes Borges em homenagem à mãe de Alexandre.
Com o objetivo de promover o desenvolvimento humano e a inclusão social por meio da prática esportiva, o projeto utiliza as quadras públicas localizadas em frente ao Clube Monte Líbano, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Teve início assim a oferta gratuita de aulas de tênis para a população em vulnerabilidade social da região.
Tendo como princípios a construção coletiva, o respeito à diversidade, a educação integral e a autonomia, o Tênis na Lagoa começou atendendo inicialmente a cerca de 60 crianças de comunidades próximas.
Hoje, mais de 200 crianças e adolescentes são atendidos pelo projeto não apenas com aulas de tênis, mas acompanhamento psicológico, aulas de inglês e yoga, passeios educativos, entre outras atividades. Aqueles que se destacam têm ainda a oportunidade de integrar a equipe de competição, representando o Tênis na Lagoa em viagens por todo o país e até pelo mundo.
Atualmente, Alexandre conta com a ajuda de sua esposa, Paula Borges, um grupo de voluntários e alguns apoiadores conhecidos, como o ex-tenista Thomaz Koch, padrinho do projeto desde a sua fundação. Dezoito anos após o início das atividades, 4,5 mil crianças já tiveram suas vidas impactadas pelo Tênis na Lagoa.
O Projeto Tênis abrange as comunidades da Rocinha, Vidigal, Cruzada, Cantagalo, Tabajara, Pavão-Pavãozinho, Rio das Pedras, Muzema entre outros na capital carioca.