A primeira rodada do Australian Open marcará um feito incrível para João Fonseca. Aos 18 anos, o tenista fará sua primeira aparição na chave principal de um Grand Slam (o principal tipo de torneio de tênis). Ele entrará em quadra contra o russo Andrey Rublev, atual número 9 no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). A data e o horário ainda não divulgados.
Isso, por si só, já seria um grande feito não apenas para o adolescente, mas para o esporte brasileiro e mundial. Ele tornou-se o primeiro jogador sul-americano de 18 anos a alcançar uma chave principal de Grand Slam desde o argentino Juan Martin Del Potro no US Open de 2006.
O carioca chega ao Australian Open como uma das principais promessas do tênis mundial. Nos últimos 10 dias, João foi campeão do Next Gen ATP Finals, torneio que engloba os oito melhores tenistas de até 20 anos do circuito mundial, e venceu o ATP Challenger de Canberra. São 13 jogos de invencibilidade, oito deles sem perder nenhum set.
A conquista no torneio de "base" o fez ser apenas o terceiro tenista com menos de 19 anos a chegar ao título, igualando nomes como Janik Sinner, número 1 do ranking, e Carlos Alcaraz, número 3.
Logo em seu segundo ano como tenista profissional, o brasileiro recebeu elogios que tenistas com anos de estrada no circuito profissional nunca foram agraciados.
— É um menino que tem um tênis alegre. A capacidade que tem de gerar velocidade na bola é algo que chama a atenção no mundo todo, vai além da nossa pretensão como brasileiro. Ele tem muito caminho pela frente, é só o começo de uma longa jornada, mas é motivo para termos orgulho. É cuidar com atenção. A gente ainda vai ter muitas alegrias com o Joãozinho — disse Guga, três vezes campeão de Roland Garros e um dos principais nomes do tênis, em fevereiro do ano passado em meio à campanha de João no Rio Open.
A atenção com o carioca de 18 anos vem bem antes de ele estourar no circuito profissional. Atual número 113 no ranking na ATP, o jovem conquistou em 2023 o US Open juvenil e tornou-se o número 1 na categoria. Dono de 24 Grands Slams, Djokovic também teceu elogios ao brasileiro.
— Eu o vi jogar. Ele joga muito bem. Me lembra o meu jogo — disse o sérvio à ATP.
Como armas para vencer os seus adversários, João aposta muito em seus saques (tinha 70 aces até o começo da temporada) e também em seu forehand.
— O João é a sensação do circuito masculino. Ele passa uma tranquilidade e uma leveza jogando. É característica de grandes campeões. Considero que tem um tênis moderno e agressivo. Se tu olhares Nadal e Federer, sempre tem grandes golpes como armas. Todo jogador tem que ter um arsenal. Ele é um jogador forte fisicamente e mentalmente. Acho que a gente vai ter um grande jogador pela frente — analisa Niege Dias, ex-tenista gaúcha número 31 do mundo pela WTA e embaixadora honorária da Federação Gaúcha de Tênis.
E se o presente do garoto já é elogiado, o futuro promete ser ainda melhor. Andy Roddick, ex-número um do mundo e campeão do US Open, apontou que o brasileiro deve estar nas primeiras posições do ranking em breve.
— Ele é um cara que você espera ter um número 5 do lado do nome dele em um Grand Slam nos próximos dois ou três anos. Eu quero dizer que Fonseca, que ganhou o Next Gen Finals, aquele garoto é malvadão. Ele vai ser um problema para muitas pessoas no circuito — elogiou o norte-americano.
O Australian Open já entrou para a história do tênis brasileiro. Com o início da chave principal de simples, marcada para este sábado (11), em Melbourne, o Grand Slam terá a presença de três brasileiros e uma brasileira pela primeira vez em toda a Era Aberta da modalidade.
Além de João, Thiago Monteiro, Thiago Wild e Bia Haddad Maia disputarão o torneio na Oceania.