O tempo nublado e a chuva fina não atrasaram o início dos trabalhos de Ramão Teixeira, o Bocão. O sol escaldante da tarde de segunda-feira (20) também não o afastou do seu ponto na Praça Silveira Martins, centro de Bagé. Somente a escuridão da noite fez ele pegar o seu Fusca, o Herby, como ele chama, e ir para casa.
Ele é responsável há 30 anos por vender ingressos nas partidas do Guarany. Poucas vezes nessa três décadas, viu tanto ânimo dos torcedores como nos dias que antecedem a partida contra o Inter, às 19h desta quarta-feira (22). A expectativa é que a torcida lote os quatro mil lugares do Estrela D'Alva.
A maquininha que emite entradas funcionará como nunca em 2025. Pela primeira vez em seus 117 anos de vida, o Guarany terá calendário nacional. Na segunda quinzena de fevereiro, será a vez da estreia na Copa do Brasil. Depois do Gauchão, começa a Série D.
— O estádio vai lotar. Os ingressos começaram a vender. Todos estão empolgados. Ficamos animados e agradecidos com o trabalho que estão fazendo no clube — comenta Bocão, responsável também por vender ingressos para as partidas do Bagé, o rival do Guarany, e que trabalhará na copa do Estrela D'Alva na quarta.
Bocão não ficou para trás no tempo. Negocia tudo por WhatsApp. Recebe o pagamento por Pix e reserva para o cliente um lugar na arquibancada para assistir à partida.
Se Bocão tem trabalho, é provável que Leopoldo Martins também tenha. A pouco passos da tenda que vende ingressos, está o varal em que comercializa adereços do clube. Bonés e bandeiras custam R$ 50. O gorro mais simples, R$ 40. É provável que os bonés que vão proteger a cabeça dos torcedores no final da tarde na Fronteira Oeste tenham sido vendidos por ele.
— Estou vendendo bem, principalmente bandeira e boné. Boné é o que mais vende. Terça-feira (21) vai vender ainda mais — projeta.
A segunda-feira foi dia de São Sebastião e feriado em Bagé. O movimento nas ruas foi pequeno. Por isso, Bocão e Leopoldo se empolgam com a perspectiva de as vendas aumentarem na terça e na quarta-feira. E em fevereiro. E em março. E em abril... Afinal, o Guarany tem calendário cheio.