A reserva no Inter e o jejum de gols — não balança as redes desde o dia 13 de julho — não são os únicos problemas no inferno astral que Enner Valencia vem enfrentando. Mesmo convocado para a rodada dupla das Eliminatórias, incluindo o jogo contra o Brasil nesta sexta (6), às 22h, no Couto Pereira, o atacante também vive seu momento de maior contestação na seleção equatoriana.
No anúncio feito pela Federação Equatoriana nas redes sociais, de que o camisa 13 era o último jogador a se somar à concentração em Quito, antes da viagem a Curitiba, se somou uma onda de comentários negativos, como:
"Deixem ele trancado no banheiro, por favor" ou "Chegou o que nos deixou de fora da Copa América".
A lembrança, obviamente, remete às quartas de final do torneio continental, disputado nos Estados Unidos no início de julho, quando o atleta colorado teve a chance de empatar o confronto com a Argentina, mas desperdiçou um pênalti na trave no início do segundo tempo.
O Equador até chegou ao 1 a 1 nos acréscimos, mas a eliminação nas penalidades transformou o capitão em vilão.
— Enner Valencia está pressionado por não ter feito gols nas Eliminatórias e se acentuou o mau momento na Copa América, onde errou o pênalti decisivo. Ele vem recebendo críticas muito fortes no Equador, que o complicaram mentalmente — explica Carlos Andrés Muñoz, repórter da Rádio ABC Deportivo.
Em seguida, o jornalista ainda fala da vontade de recuperação por parte do jogador:
— Ele sente a necessidade de justificar a necessidade de ser titular no Inter, titular e capitão na seleção equatoriana. E quando alguém vem mal e se autoexige faz com que perca gols incríveis e decisivos. Cada vez que joga, acentua ainda mais seu problema.
Mesmo em má fase, Enner foi incluído na primeira lista de convocados do argentino Sebastián Beccacece, novo treinador do Equador. Afinal, trata-se do maior goleador da história da "La Tri", com 41 gols marcados — 10 a mais do que Agustín Delgado, atacante que disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006, e se aposentou em 2011.
Contratado para substituir o espanhol Félix Sánchez Bas, demitido após a Copa América, o ex-auxiliar de Jorge Sampaoli revelou uma conversa com o artilheiro equatoriano antes da divulgação da lista oficial.
— Estive em 2010 no Emelec acompanhando ao Jorge (Sampaoli). Eu vi seu processo, Enner estreou nessa época. Sei como ele construiu seu caminho. Conversei com ele. O que ele expressou tem a ver com o que se gera nestes momentos de frustração, essa sensação de culpa. Aqui, a responsabilidade é coletiva e existe um condutor que assume a maior parte. (Mas eu) valorizo o esforço dos jogadores — destacou Beccacece.
Prestes a completar 35 anos de idade em novembro, Enner não é apenas o capitão, mas um dos atletas mais experientes da geração de seu país.
Os outros atacantes chamados foram Kevin Rodríguez, de 24 anos, Nilson Angulo e Anthony Valencia, de 21. Todos atuam em clubes da Bélgica.
— Enner não vive um romance com a torcida. São diferentes fatores que fazem com que a torcida não o perdoe, mas depois dele não temos mais atacantes. Ficamos só com ele e os outros são promessas, mas não despontam. Enner tem gols, mas não é muito querido pela torcida — conclui o jornalista Julio Paredes.
A provável escalação equatoriana para encarar o Brasil tem: Galíndez; Félix Torres, Pacho e Hincapié; Chávez, Moisés Caicedo, Alan Franco e Estupiñan; Kevin Rodríguez, Sarmiento e Enner Valencia.