O Brasil entra em quadra nesta terça-feira (6), às 16h (de Brasília), para enfrentar o Irã, pelas oitavas de final do Campeonato Mundial masculino de vôlei. A partida será disputada em Gliwice, no sudeste da Polônia, e as duas seleções entrarão em quadra já sabendo que quem passar enfrentará o vencedor de Argentina e Sérvia, que jogam horas antes no mesmo local.
A seleção iraniana se classificou para as oitavas com vitórias sobre Argentina (3 a 2) e Egito (3 a 1) e uma derrota para a Holanda (3 a 1), que a colocou com a 12ª melhor campanha entre os 16 finalistas.
O grande nome da equipe é o ponta Ebadipour. O jogador de 29 anos atuou cinco temporada no Skra Belchatow, da Polônia, uma das principais equipes do mundo e esse ano se transferiu para o Volley Milano, da Itália. No Mundial, o camisa 2 de 1,96m de altura e que ataca a 3,58m já marcou 57 pontos e é o oitavo nesta estatística.
Ainda de acordo com os números da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), o levantador Vadi é o terceiro melhor do torneio, enquanto Ebadipour ainda aparece como o quarto melhor passador.
O crescimento do Irã no cenário internacional é fruto de um grande trabalho da Federação Iraniana, que no começo dos anos 2000 passou a investir fortemente nas categorias de base e na contratação de renomados treinadores estrangeiros. No país, a modalidade é uma das mais populares ao lado do futebol.
Dessa forma, os argentinos Julio Velasco e Raúl Lozano, o sérvio Slobodan Kovac e o montenegrino Igor Kolakovic dirigiram a seleção iraniana até a chegada de Vladimir Alekno, campeão olímpico com a Rússia em Londres-2012, que acabou deixando o comando da equipe após os Jogos de Tóquio.
Nesta lista de renomados profissionais, Velasco teve papel fundamental. O argentino já havia sido o responsável por comandar a Itália na década de 1990, em uma era vencedora e hegemônica de cerca de sete anos, com três títulos mundiais, cinco da Liga Mundial e uma Copa do Mundo.
Com ele, o Irã foi bicampeão asiático (2011 e 2013) e conseguiu ganhar seus primeiros jogos contra equipes renomadas, ao bater Itália, Cuba, Sérvia e Alemanha em 2013. No mesmo período, os iranianos começaram a ter alguns jogadores atuando fora do país, o que também contribuiu para esse crescimento.
Hoje, o Irã tem como técnico, Behrouz Ataei, 52 anos, que foi assistente técnico da seleção de seu país e também dirigiu as categorias de base. Com ele, o Irã sagrou-se campeão mundial sub-21 em 2019 e no ano passado, o time adulto faturou seu quarto título asiático, derrotando o Japão na decisão.
Mas apesar do crescimento, algumas crises já ocorreram e abalaram o grupo. Em 2021, pouco antes dos Jogos Olímpicos, o ponteiro Farhad Ghaemi criticou duramente o então técnico Vladimir Alekno ao afirmar que " ele não conhece o vôlei iraniano e está apenas procurando por dinheiro. Ele tem pouco a dizer sobre a seleção nacional. Ele é apenas um fantoche". O jogador acabaria fora das Olimpíadas.
Esse ano, após o sétimo lugar na Liga das Nações, quando foram eliminados pela Polônia no tie-break, os iranianos precisaram resolver um novo problema. O central Seyed Mousavi concedeu uma polêmica entrevista ao site italiano Volley Magazine e fez duras críticas à Federação nacional.
— Achei que poderia ajudar a seleção e é por isso que estou de volta aos treinos. Infelizmente, meu coração não está com a seleção. Não vejo honestidade nesta convocação e tudo está fora do lugar. Também não há suplementos e proteínas no treinos da seleção. Não temos condições de competir com os grandes times de vôlei mundial. As pessoas devem conhecer os fatos. As condições aqui são muito ruins e ninguém confia nos outros ou fala a verdade — disse o capitão da equipe, que não está no Mundial.
Confira os jogadores do Irã no Mundial:
- Levantadores: Vadi e Javad Karimi
- Ponteiros: Ebadipour, Homayonfarmanesh, Esfandiar, Manavinejad e Morteza Sharifi
- Opostos: Kazemi e Esmaeilnezhad
- Centrais: Mahdi Jelveh, Toukhteh e Mojarad
- Líberos: Hazratpour e Moazzen