Aos 53 anos, Alício Pena Júnior chegou como bom mineirinho ao principal cargo da arbitragem brasileira. Depois da saída de Leonardo Gaciba da presidência da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o mineiro de Araguari foi o escolhido pelo presidente interino, Ednaldo Rodrigues, para ocupar o cargo até o fim do ano. Desde que se aposentou dos gramados, vinha sendo instrutor de arbitragem e mais recentemente havia assumido como vice-presidente da comissão.
Não apenas dentro dos corredores da entidade, no Rio, o nome dele foi considerado o ideal para essa fase de transição no comando da arbitragem brasileira. Quem conviveu com o ex-árbitro na época em que apitava, o considera uma pessoa discreta, de ótimo trato e de excelente relacionamento com as pessoas — um dos problemas enfrentados por Gaciba nos últimos meses como presidente da comissão, conforme matéria da ESPN.
Em campo, tinha um estilo mais rígido na questão de interpretar os lances, como explicou Sálvio Spínola, ex-juiz e agora comentarista de arbitragem do Grupo Globo, ao ge.globo.
— Alício gosta de impor a obrigação de cumprir a instrução. Em lances de braço no rosto do adversário ou de pisão no pé, ele considera que é cartão vermelho. É um estilo que transforma arbitragem em matéria exata e de menos interpretação — explicou Sálvio, que lembrou da carreira de Alicio:
— Foi árbitro Fifa, mas não teve grande carreira no cenário internacional, com poucos jogos apitados fora do Brasil, mas fez grandes jogos locais, como a final da Copa do Brasil de 2008 entre Corinthians e Sport.
O jogo citado por Sálvio é uma das polêmicas que o mineiro enfrentou durante sua carreira como árbitro de futebol. Naquela ocasião, dirigentes e o então técnico do time paulista, Mano Menezes, reclamaram sobre suposto pênalti não marcado no atacante Acosta, já nos minutos finais, que poderia dar outro fim à disputa do título.
A maior polêmica, no entanto, envolveu o Bom Senso FC, que pedia mudanças na estrutura do futebol brasileiro. Em uma partida entre São Paulo e Flamengo, pelo Brasileirão de 2013, Alicio ameaçou punir os 22 jogadores com cartão amarelo caso cruzassem os braços e/ou retardassem o início da partida — como vinha sendo praxe nos jogos do campeonato.
Após a partida, o volante Elias, que defendia o time carioca, criticou veementemente a proibição da manifestação por parte do árbitro.
— O que foi colocado para a gente foi uma ditadura. A gente é muito mais forte que isso, acho que, com a ajuda do torcedor, todo torcedor, independentemente do time que torce, a gente tem de ir contra esses ditadores que tentaram proibir hoje a manifestação — disse à época o então meio-campista flamenguista.