De férias em Erechim, no norte do Estado, Rafael Sobis opinou sobre o momento de incertezas que vive o futebol brasileiro em meio à paralisação por conta da pandemia do coronavírus. Ex-jogador do Inter e atualmente no Ceará, ele relatou, entrevista ao Bola nas Costas, da Rádio Atlântida, a mobilização de atletas para ajudar famílias mais impactadas pela falta de jogos, e cobrou mais soluções da CBF.
– Jogadores, CBF e clubes. Todos têm de ter bom senso. É o momento que todos têm que saber que vão perder. E tem gente que não quer perder. Os jogadores têm de saber que vão ter que diminuir (o salário) para manter muitas vidas, muitas casas funcionando, que dependem do futebol. A CBF também precisa ajudar os clubes menores. Eu vi que eles deram uma ajuda por causa da pressão, senão nem iriam ajudar. E acho que foi pouco. Eu estou em grupos de atletas e estamos fazendo muita ação legal, com grana, com cesta básica, com auxílio. O Ceará ofereceu o CT para construir hospital. A gente pede que a CBF não apareça só quando um time ou a Seleção é campeã, que ela não apareça só na hora boa. É a hora de mostrar que está com a gente. É hora dos seres humanos se unirem, porque muita gente depende de nós – desabafou.
Mesmo que o período seja de férias, os atletas têm treinado normalmente para a retomada da temporada – ainda sem data prevista. As viagens deram lugar à reclusão e a atividades caseiras para manter a forma, uma iniciativa inédita, segundo Sobis:
– Eu nunca vi tantos jogadores treinando (em casa). Teoricamente, são férias. E nas férias ninguém é obrigado a treinar. É impressionante, quase 100% dos jogadores estão treinando, o que é muito legal, porque mostra como somos profissionais. A gente não sabe quanto tempo vai ter de pré-temporada, porque vai precisar certamente.
Aos 34 anos, Sobis acumula títulos – foi bicampeão da Libertadores pelo Inter e da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, além de ter conquistado um Brasileirão com o Fluminense – e tem trajetória vitoriosa. O jogador, porém, avalia que sua carreira está perto do fim. Mesmo que evite projeções mais concretas, o atacante cogita jogar sua última temporada neste ano.
– Eu dei a preferência para o Inter dois anos atrás. Eu tenho sede de títulos, é o que move minha vida. Tudo depende deste ano (se vai parar ou não), vamos devagar. Se este ano for maravilhosamente bom, posso continuar. Mas acho que (jogo) até o fim do ano. Não dá para planejar a longo prazo. O jogador tem que parar com o futebol. Não o futebol parar com ele – refletiu.