Na tarde deste sábado (7), os irmãos Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho, e Roberto de Assis Moreira tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça paraguaia. Os irmãos brasileiros ficarão detidos por tempo indeterminado na Agrupación Especializada da Polícia Nacional paraguaia, um quartel policial improvisado como cadeia que abriga de presos ilustres de colarinho branco a chefões do narcotráfico.
Há, no local, cerca de 200 presos que, por motivos diversos, a Justiça paraguaia decidiu não misturar a outros em penitenciárias comuns ao longo das investigações. O jornal paraguaio Ultima Hora publicou reportagem sobre a Agrupación Especializada no final do mês passado, quando o local ganhou um preso ilustre: o deputado Miguel Cuevas, do partido do presidente Mario Abdo Benítez. Investigado por enriquecimento ilícito e tráfico de influência, ele foi preso preventivamente por ter dado declarações falsas e pelo risco de fuga e/ou obstrução de Justiça.
Cuevas foi um dos dois presos a dividir a "cela" com Ronaldinho e Assis na sexta-feira à noite. O outro foi Ramón González Daher, ex-presidente da Associação Paraguaia de Futebol. O caso de González é emblemático de como a Justiça paraguaia pode ser rigorosa ao longo das investigações, mesmo em crimes de baixa periculosidade, como os de colarinho branco. Aos 68 anos, o cartola está prestes a completar quatro meses em prisão preventiva enquanto é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, tendo reiterados pedidos de liberdade negados.
TV, ventilador e colchão estão liberados
Por não ser uma prisão propriamente dita, mas um espaço adaptado para tal, a Agrupación Especializada tem algumas particularidades. Mediante autorização da Justiça, os presos podem introduzir colchões, ventiladores e televisão no cárcere. Como o local não é obrigado a oferecer comida ao longo do processo, os presos podem receber alimentos de fora ou cozinhar com as suas próprias panelas, o que costuma ser a opção da maioria. A administração do local oferece apenas um desjejum de café com biscoitos. No sábado, os irmãos Assis Moreira recusaram o café e comeram hambúrgueres providenciados pelos advogados.
A investigação do caso de Ronaldinho pode durar até seis meses. Inicialmente flagrado com documentos paraguaios falsos, o ex-jogador e o irmão passaram a ser investigados pela Unidade Especializada de Crimes Econômicos. Além dos irmãos Assis Moreira, foram presos o agente que mediou a viagem deles ao Paraguai e as duas mulheres cujos dados foram usados para forjar os passaportes falsos – estas, em prisão domiciliar. A empresária que articulou a visita de Ronaldinho, Dalia López, também teve prisão decretada neste sábado e é investigada por fraudes que somam US$ 10 milhões em sonegação.
Um dos advogados paraguaios que estão trabalhando para os brasileiros, Hector Cáceres declarou que a defesa insistirá na linha de que "Ronaldinho fez de tudo para colaborar e merece ter o benefício da prisão domiciliar". Eles já tiveram um pedido de prisão domiciliar negado, segundo o promotor Osmar Legal, por não comprovarem vínculo com o endereço apresentado e tampouco um suposto problema cardíaco de Assis.