A Vara de Família do Foro Regional da Tristeza, em Porto Alegre, deferiu na última sexta-feira (14) o pedido de prisão do centroavante Maurides. O ex-jogador do Inter, que atualmente está no futebol chinês, está em débito pelo pagamento de pensão alimentícia à filha de seis anos. A decisão faz até referência ao local onde o atleta deve cumprir a pena de 30 dias em regime semiaberto e cita que a pena só não será cumprida em regime fechado "em razão da inexistência de vagas".
— Não fui intimado desta decisão ainda. Tomei conhecimento dela, mas meus prazos processuais não foram abertos ainda. Provavelmente, entraremos com recurso, porque faltou a intimação pessoal dele, que no nosso modo de ver é requisito essencial para o cumprimento da medida — atesta Leonel Falcão, advogado do atleta.
Não é a primeira vez que o centroavante de 25 anos tem sua prisão decretada por este motivo. Em maio de 2018, quando atuava em Portugal, teve pena igual imposta. Porém, quando veio passar férias no Brasil, o jogador quitou suas pendências e readquiriu o passaporte. Agora, conforme a nota publicada no site do Tribunal de Justiça, já havia sido determinada uma multa de R$ 9 mil, mas o atleta "deixou novamente de efetuar o pagamento".
— Realmente, o débito existe, a questão controversa são os valores pleiteados. Além disso, existe o débito alimentar, porque Maurides está há três ou quatro meses sem receber salários. Conversamos ontem (domingo), e ele me disse que assim que receber os salários vai quitar essa obrigação alimentar — explica Falcão.
Revelado no Beira-Rio, Maurides joga fora do país desde 2016, quando foi para Portugal — onde defendeu o Belenenses. Em 2018, passou pelo CSKA Sofia, da Bulgária. Desde março deste ano, atua pelo Changchun Yatai, da China. Neste domingo (16), inclusive, marcou o primeiro gol do seu time na vitória por 3 a 2 sobre o Shaanxi Changan, pela Liga Chinesa (equivalente à segunda divisão).
Caso o recurso não seja aceito, o jogador seria detido pela Polícia Federal assim que chegasse ao Brasil. Porém, conforme seu advogado, não há previsão para que ele retorne ao país.
O advogado que representa os interesses da filha, Thiago Almeida, divulgou uma nota sobre o caso:
"A prisão foi decretada em virtude de débito alimentar. Eu tomei conhecimento das alegações do colega que atua em favor do atleta, mas, no meu ponto de vista, não é plausível, por si só, a justificativa do inadimplemento alimentar pelo simples fato do pai, há quatro meses, não estar recebendo salários, até porque nesse meio tempo a criança não deixa de se alimentar, se vestir, estudar, não deixa de lado à saúde, entre tantos outros gastos para subsistência de uma criança.
Entendo, também, não ser possível recurso para rediscutir uma situação já decidida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, pois já houve a intimação pessoal do atleta e o mesmo já é ciente há muito tempo da obrigação alimentar.
Há controvérsias sobre valores, os quais dependem de documentos para serem averiguados, que também estamos aguardando, inclusive a multa mencionada na reportagem diz respeito à esses documentos e não pela falta de pagamento."