O final de semana foi de luto no futebol brasileiro. Na sexta-feira (8), 10 jogadores das categorias de base do Flamengo morreram em incêndio no CT do clube, o Ninho do Urubu. Em entrevista ao Estúdio Gaúcha desta segunda-feira (11), Telmo Brentano, engenheiro civil, professor e especialista em incêndio, afirmou que episódio no alojamento rubro-negro não pode ser considerado uma fatalidade.
— Não é fatalidade. Quem autorizou (que a obra fosse liberada)? Deve ter documentos, como uma planta básica, até um rascunho para se fazer esse tipo de instalação (dos contêineres). Isso se chama de improvisação, eu chamo de fator humano — defende.
Para Brentano, o problema não está na lei, mas no cumprimento das exigências de segurança.
— As regras são todas muito claras, nossas legislações já são muito modernas, a observância dessas regras que é um problema. Primeiro se procura fazer da forma mais econômica possível, que, consequentemente, não é a mais adequada. Outra coisa também é a corrupção, inclusive no nível de corpo de bombeiros, para a aprovação de projetos. Sempre tem um jeitinho brasileiro, então não é a questão da legislação, é mais das pessoas.
O professor afirma ainda que a obra foi feita sem respeitar exigências básicas de segurança para o tipo de alojamento.
— Foi feito sem projeto, dessa forma pode-se prever que não se seguem as normas objetivas quanto ao espaçamento, saída de emergência, equipamentos de proteção contra incêndio. Tipo extintores, alarme e detecção de incêndio, sinalização, iluminação, saídas de emergência e outras coisas mais.
A falta de uma segunda porta, já que alguns dos quartos ficavam distantes da única saída disponível do contêiner, também foi criticada.
—Esses contêineres são muito apertados em termos de circulação, consequentemente deveríamos ter pelo menos duas saídas desse ambiente. Essas saídas deveriam ser de forma oposta, não uma do lado da outra.