Considero um erro do governador do Estado do Rio Grande do Sul, senhor Eduardo Leite, o veto que liberaria a venda de bebida nos estádios gaúchos. Mais do que um erro, existem erros. Ao negar, o novo mandatário tenta tapar o sol com a peneira. E mostra o quanto estamos sucateados. Explicarei.
Quem vai a estádio de futebol sabe que uma boa parte das pessoas consome álcool. Proibido há alguns anos o consumo dentro do campo de jogo, o não consumo durante a partida é hipócrita, já que cerveja é vendida a menos de dois metros do portão de entrada. Engana-se quem pensa que ao liberar, as pessoas vão enfiar o pé na jaca. Primeiro, que isso é inviável, devido ao custo. Segundo, a liberação melhoraria a logística de entrada no estádio em dia de grandes jogos. Afinal, boa parte das pessoas fica consumindo bebida alcoólica até o último momento antes do jogo começar.
As pessoas não bebem para brigar no futebol. Obviamente, os desequilibrados possuem um gatilho, mas isso não é por causa da mistura cerveja e futebol. Isso é problema cultural, social e que não é punido de maneira adequada. Eu gosto de beber durante a partida de futebol pelo fato de estar livre. Gosto de beber com meus amigos antes do jogo para relembrar as histórias do próprio clube que tanto torcemos.
Em agosto, tive oportunidade de conhecer o MetLife Stadium, em Nova Jersey. Lá, ao contrário da boa parte de ambientes de convívio em público americano, é possível beber cerveja. Um estrangeiro, por exemplo, assina um documento onde fica explícito: “se você sair da linha, arrumar briga ou cometer bullying com alguém, sairá daqui preso e será solto mediante uma fiança”. Acredito que era em torno de US$ 2 mil. Li, assinei. Comprei a minha cerveja. Comprei outra. O americano não assina o mesmo que o turista. Ele sabe o que está em jogo se sair da linha. Eu saí de lá duplamente satisfeito: bebi a minha cerveja e entendi sobre liberdade que cada um temos direito.
O meu apelo ao governador do Estado não é para que as pessoas tomem tragos homéricos. É para que elas possam fazer o que têm direito. De ir e vir. E, caso saia da linha, que pague por isso. Exemplarmente.
No interior, a receita da Copa (o nosso bar) é um alívio nas finanças do clube. Nem isso parece ser levado em consideração. Nosso Estado sucateado. Nosso futebol do interior sucateado. Governador, preciso ser honesto com o senhor. As pessoas continuarão bebendo antes do jogo. Talvez até mais. O que precisamos não é de proibição. O que precisamos é de regras. E punição.