As disparidades entre os atletas do futebol masculino e feminino são evidentes. A brasileira Marta, 32, foi eleita seis vezes a melhor jogadora do esporte do planeta e acredita que é preciso muita luta para que os gêneros deixem de ser influentes na hora de premiações e de espaços na mídia. Em entrevista à Folha de S.Paulo, a alagoana assumiu que pensa no que fazer após aposentar as chuteiras - e que essas diferenças a fazem continuar nas quadras.
— Não falta comida na mesa, não vivo mal, mas não tenho regalia. Se eu jogasse no futebol masculino, não ia precisar trabalhar nunca mais. Se parar, precisarei ainda fazer alguma coisa — aponta Marta.
A respeito do preconceito de gênero, a jogadora garante que não se incomoda mais com comentários machistas:
— Se falassem, eu entrava na porrada. Já defendi amigas de piadinha de mau gosto. A galera também entra na onda porque elogiam a gente e fazem comparação com o futebol masculino falando que temos que jogar no lugar de alguém. Com as redes sociais mais ativas, surgiram comentários machistas. Eu lia e ficava chateada, mas hoje não. Passei a maior parte da carreira na Europa e nos EUA e lá dificilmente você escuta esses comentários.
Marta acredita que já viveu seu sonho, que era jogar futebol e chegar à categoria profissional, mas ainda almeja um título mundial para a Seleção. Ao mesmo tempo, gostaria de ver o futebol feminino ser mais reconhecido no Brasil:
— Fomentar a modalidade, o incentivo, a busca de melhorias constantes. É bom você perceber que o que se propôs a fazer está fazendo a diferença, está ajudando não apenas você, mas outras meninas. Esse é o melhor reconhecimento.