
— Você é meu adversário, mas não é meu inimigo. Porque sua resistência me dá força. Sua força de vontade me dá coragem. Sua determinação me enobrece. E embora eu deseje derrotá-lo, se eu vencer, não vou humilhá-lo. Em vez disso, vou honrá-lo. Porque sem você, sou uma pessoa menor.
A mensagem é de uma antiga campanha publicitária do Comitê Olímpico Internacional que tocou fundo em qualquer atleta acostumado a encontrar adversários encruados pela frente. Resume bem o significado de um rival para o competidor de alto rendimento.
— É muito bom. Nivela por cima na hora de preparar o atleta, faz ele trabalhar melhor as potencialidades — diz Antônio Carlos Pereira, o Kiko, técnico multicampeão do judô da Sogipa.
Esta última foi pra ti, Arencibia!
JOÃO DERLY
Grito do bicampeão mundial de judô quando terminava exercícios desgastantes em um treino, referindo-se ao rival, o cubano Yordannis Arencibia
Ao falar sobre a relação tão peculiar que se estabelece entre rivais, Kiko busca na memória os exaustivos treinos de seu pupilo João Derly, bicampeão mundial que tinha como principal adversário o cubano Yordannis Arencibia. O treinador se recorda que Derly invocava o nome do oponente em diferentes momentos dos treinamentos. Nos agachamentos com peso, por exemplo, quando já sentia o desgaste que parecia lhe impedir de chegar ao fim, tirava forças não se sabe de onde para terminar e, quando subia após a última repetição, seu grito ecoava pelo ginásio:
— Esta última foi pra ti, Arencibia!
Na linha tênue entre a animosidade e o respeito, o conflito esportivo e o reconhecimento das qualidades do outro, equilibra-se a relação entre adversários. Há aquelas que extrapolam campos e quadras ao se transferirem para a vida longe do esporte. São os rivais que se odeiam. Outros podem ser até amigos antes de se engalfinharem, com todo respeito, em busca de medalhas, troféus ou recordes.
Fato é que o rival serve como uma espécie de guia. Ao explorar fragilidades, mostra onde se deve melhorar. Ao ser finalmente batido após lutar com tanto afinco, ajuda a entender o tamanho da vitória. Há uma infinidade de exemplos desses embates. Clique abaixo para saber detalhes de quatro dessas rivalidades.

Os judocas que tinham uma relação conflituosa enquanto buscavam a mesma vaga olímpica para Atenas 2004. Depois, superaram as rusgas e reconheceram a importância que um teve na carreira do outro.

O embate que marcou a natação brasileira nos anos 1990 e 2000 não impediu que os atletas estreitassem relações e construíssem uma amizade que perdura até hoje.

A americana que desafiou a principal atleta gaúcha da atualidade e a encontrou em lutas decisivas de Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos.

As duplas do vôlei de praia que fizeram a final toda brasileira da Olimpíada de Atlanta não faziam questão de trocar gentilezas.