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Camisa ainda entorta varal, mas não ganha mais campeonato. Na verdade, nem sei se ganhou em algum dia. Afinal, usando mais um chavão, futebol é uma caixinha de surpresas. Considerar uma competição fraca pelos times que participam dela é, de certa forma, leviano. É admitir que os méritos nunca são de quem vence e, sim, de quem perde.
Tomando como efeito de comparação as últimas três Libertadores, em algum momento da disputa, um time brasileiro foi eliminado por alguma equipe inesperada – assim foi com Palmeiras e Santos neste ano. A conversa é sempre a mesma: “Zebra. Brasileiro tinha de vencer o time boliviano”. Será que agora, fazendo mea culpa, realmente estudamos o atual momento do rival ou estamos nos apegando a um histórico? Ou melhor, à falta de uma tradição nas competições internacionais?
Em 2016, a surpresa foi o Independiente del Valle, equatoriano, que deixou pelo caminho Boca e River e só parou na final, contra o bem treinado time do Nacional-COL. Em 2015, o enredo foi o mesmo, o Guaraní-PAR derrubou o Corinthians e depois o Racing e só foi parado nas semifinais, pelo River, que acabaria campeão.
Em 2014, a tônica foi ainda mais forte para quem só se importa com o peso da camisa: Defensor, Nacional-PAR e Bolivar foram semifinalistas. O argumento da fragilidade da Libertadores vai por água.
Olhando o copo meio cheio, os times se nivelaram. Não necessariamente por qualidade, mas por organização tática. O conhecimento futebolístico aumentou. Os estudiosos estão por todos os lados. Assim, equipes de mercados secundários fazem boas campanhas.
Até porque, precisamos sempre lembrar, não existe apenas a Libertadores. Na Sul-Americana, a história se repete. Talvez, até com mais frequência. O próprio Del Valle atuava em um 4-3-2-1, atacando pelas beiradas e fazendo uma pressão alta no adversário. Em 2014, o Nacional-PAR jogava no mesmo esquema e tinha como principais características a forte marcação e a saída rápida nos contra-ataques.
A final deste ano é mais uma que se encaixa nesse caso. Tem um time sem o peso de grandes conquistas, mas organizado e competente naquilo que se propõe. O Lanús gosta de ter a bola. Ataca bem, mas sabe também se defender com compactação e inteligência. Os números mostram: são 17 gols a favor e só sete contra. Quando a exceção se repete todo ano, começa a virar regra.
Vamos exaltar as virtudes e os méritos dos nossos times, porque as vitórias são construídas com suor e trabalho. Usando mais um ditado, desta vez não necessariamente futebolístico, o gramado do vizinho é sempre mais verde. Em outras palavras: a conquista do outro é sempre mais fácil. Afinal, se não fosse assim, não seria futebol.