A violência no futebol brasileiro, envolvendo quase sempre marginais infiltrados nas torcidas organizadas, atinge níveis de barbárie a cada final de semana. Antes da partida do dia 18, pela 8ª rodada do Brasileirão, entre Coritiba e Corinthians, presenciamos um espetáculo de selvageria envolvendo membros das torcidas de ambos os clubes.
Ver uma pessoa ser derrubada, chutada e pisoteada na cabeça por mais de uma dezena de torcedores choca, assusta e revolta, mas essa cena
repete-se com frequência. Aliás, é até injusto com quem vai a um estádio para torcer, chamar os protagonistas da agressão de "torcedores". O torcedor de verdade canta, vibra e sofre, mas não briga.
No futebol, dentro de campo, somos pentacampões do mundo. O trabalho de Tite retomou o orgulho de torcer pela Seleção, e o hexa já é um sonho possível. Mas e fora dos gramados? Lá somos campeões mundiais, mas do número de mortes envolvendo torcedores. Uma triste "conquista".
O sociólogo Maurício Murad é um estudioso da violência no futebol. Autor do livro Para entender a violência no futebol, ele afirma que apenas 3% dos crimes que ocorrem por tal motivação acabam punidos. Ou seja, os brigões e arruaceiros têm certeza de que ficarão impunes. Eles brigam e matam com salvo-conduto, mas seguem indo aos jogos e viajando – muitas vezes financiados pelo próprio clube.
Tamanha impunidade acaba por afastar muitos torcedores que, mesmo amando seus clubes, têm medo de ir ao estádio e levar a família, pois sabem que usar uma camisa de cor diferente pode representar um risco à integridade física. Quem tem filhos pequenos teme levá-los e acaba afastando-os de uma paixão que há mais de cem anos é passada de geração para geração. Mas não podemos aceitar isso como algo normal.
O exemplo da torcida mista nos clássicos da dupla Gre-Nal, nos últimos anos, foi saudado por todos. Mas aqueles torcedores, que lá vão, convivem pacificamente em qualquer ambiente.
Precisamos discutir formas e efetivar meios de punir os brigões para excluí-los, não só das arenas, mas também das ruas. Só assim perderemos o amargo título de país campeão da violência.