Torcedores nos anos 1970/1980/1990 acostumaram-se à profusão de fórmulas e regulamentos. Até a CBF adotar, em 2003, o Brasileirão em pontos corridos, a cada ano experimentávamos um formato diferente. De 16 a 94 participantes, de pênaltis em todos os empates a ponto extra por vitória por goleada, passando por fases, grupos, turnos, chaves e repescagens, culminando com ações judiciais e viradas de mesa, nada parecia limitar a criatividade dos cartolas. Até o advento do Estatuto do Torcedor.
O Brasileirão segue – por enquanto? – intocado. Nos Estaduais, contudo, o talento às avessas dos gabinetes ressurge com força total.
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O Paulistão tem 16 clubes em quatro grupos de quatro. Até aí tudo bem. Cada clube joga contra todos os outros, exceto, justamente, com os três oponentes diretos. Classificam-se dois de cada grupo, independentemente da pontuação geral. O que permite que um time que teve a sorte de cair em companhia mais fraca avançar com menos pontos do que outro eliminado em grupo mais forte.
Já o Rio parece ter resgatado o modelo tradicional: Taça Guanabara, Taça Rio e final. Parece. Os vencedores de turnos não decidem mais o título. O troféu vale só vaga à semifinal – algo que o Fluminense, vice-campeão da Taça GB em Fla-Flu empolgante, conquistaria de qualquer forma. E se um time ganhar as duas taças? Nem assim vai à final: a semifinal será completada pelo terceiro melhor classificado na pontuação geral. Quando vier a decisão da Taça Rio, os cariocas perceberão, tardiamente, que ela não vale absolutamente nada.
No Gauchão, é questionável a classificação de oito entre 12. Ok, vá lá. No mata-mata, a única vantagem do time de melhor campanha diante do 8º colocado será disputar o segundo jogo em casa. Sequer jogará por dois empates. Qual, então, o prêmio por uma campanha extraordinária como a do Novo Hamburgo?
E a CBF, sem tocar no Brasileirão, resgata sua cota de invencionice na Copa do Brasil: jogo único nas duas primeiras fases, na segunda com mando definido por sorteio, e classificação direta de 11 (onze!) times entre os 16 das oitavas. A alegação de falta de datas não procede: a extensão da Libertadores foi compensada, com sobras, pela simultaneidade com a Sul-Americana. Não falta calendário. Falta competência. E sobra criatividade.