
Sábado é dia de jogo na Arena Condá. Que outra data devolveria tantos sorrisos à cidade de Chapecó após a tragédia que cobriu o mundo do futebol de lágrimas? Chapecoense e Palmeiras vão dividir o gramado às 16h30min. Talvez a súmula oficial da arbitragem registre o encontro com as formalidades de uma partida amistosa, típica de pré-temporada, sem disputa por pontos. Mas, quando a bola voltar a rolar na casa da Chape, não será apenas a história do clube que ganhará novas linhas e um recomeço cercado de expectativas. É como se o pontapé inicial no campo também erguesse de volta o orgulho e a confiança de um povo acostumado a vibrar em torno de um grupo de jogadores. Uma torcida que teve o sonho de uma final inédita interrompido por uma tragédia sem precedentes.
Foram quase dois meses de luto entre o acidente na Colômbia e o reencontro deste sábado. Praticamente uma eternidade para quem tornou rotina a imagem da Arena Condá lotada. Gestos de solidariedade cruzaram fronteiras e se manifestaram nos mais diferentes idiomas. Hoje, o estádio é o principal endereço de uma cidade que o planeta inteiro abraçou. Serão 20 mil vozes nas arquibancadas em volta do campo neste sábado, somadas a outras tantas que aprenderam a cantar "vamo, vamo, Chape" numa infinidade de sotaques.
A campeã da Sul-Americana, dona de um troféu solidariamente compartilhado com os colombianos do Atlético Nacional, receberá o atual campeão brasileiro. São credenciais de um grande duelo, embora torcedor algum pareça muito preocupado com o placar do jogo.
– Nós temos falado muito do aspecto profissional, mas o aspecto humano tem sido muito importante, tem sido um tempo de bastante aprendizado. Não é nada de anormal falar que diversas vezes eu me emocionei – declarou o técnico da Chapecoense, Vagner Mancini, após o treino de sexta-feira.
Será a primeira partida de Mancini no comando da Chape, que também perdeu o então treinador Caio Junior na tragédia. Sobrevivente do voo da LaMia e remanescente do grupo finalista da Sul-Americana, o lateral Alan Ruschel desta vez apenas acompanhará os novos companheiros à beira do campo. Ele também esteve na Arena Condá na sexta, quando destacou que cada recém-contratado deve se sentir privilegiado por fazer parte do grupo.
– Ninguém vai apagar o que aconteceu, mas na vida a gente precisa seguir em frente. Acho que esse jogo vale muito para a Chapecoense, muito para a cidade, muito para os familiares – destacou Alan Ruschel.
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