
A experiência de ter montado times que foram para duas Libertadores, 2014 e 2016, no Grêmio, além de ter montado o grupo campeão da Copa do Brasil, e que vai também para a Libertadores em 2017, credenciaram o diretor-executivo de Futebol Rui Costa a ser contratado para ajudar na reconstrução da Chapecoense.
No clube gaúcho desde 2012, ele saiu do tricolor após a eliminação do torneio continental para o Rosário Central. Negociava com outro clube quando recebeu a ligação do presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, Plínio David De Nês Filho, para ir a Chapecó.
Rui Costa disse que não conseguiu voo e acabou percorrendo de carro os quase 500 quilômetros de Porto Alegre até Chapecó, na sexta-feira. Almoçou na casa de Plínio de Nês juntamente com outros diretores e o novo técnico, Vagner Mancini. Lá já sentiu o clima familiar da Chapecoense. Um aperto de mão selou sua contratação. Poucas horas depois já era apresentado como novo diretor do clube.
Na segunda-feira, entre ligações que fazia ou recebia, concedeu entrevista para o Globo Esporte, RBS TV e Diário Catarinense. O novo dirigente afirmou que o momento é difícil, mas quer montar um time que orgulhe o torcedor. Confira os principais tópicos da entrevista.
CONTRATAÇÃO
É uma questão de engajamento. Qualquer pessoa sentiu isso. Quando acordei (na terça-feira que caiu o avião da Chapecoense) e vi tudo aquilo pensei como seria importante trabalhar na Chapecoense. Claro que sou profissional, mas é uma causa que transcende o futebol. Quando recebi a ligação na quinta-feira foi como um sonho que bate na porta. Logo que cheguei senti um encantamento com a capacidade desse clube de lutar, de buscar resolver os problemas das famílias. Esse projeto tem algo a mais.
ESTILO
Não queria chegar como um alienígena, como alguém que tem autonomia para fazer o que quiser. Vim para agregar ao que já vinha dando certo. Falei para o Maurinho (vice de futebol que morreu no acidente) que ele tinha mais para ensinar para nós do que nós para ele, pois a Chapecoense é um clube que não tem dívida fiscal e com um rigor orçamentário. O clube trouxe alguém de foram, mas mantém o DNA com o Maringá e o Nivaldo (também do departamento de futebol).
CONTRATAÇÕES
Estamos trabalhando em várias frentes. Eu tenho a experiência da convivência com executivos do futebol. O Maringá tem experiência do clube e de diretor. O Nivaldo pode falar com os jogadores sobre o relacionamento e da dimensão do que é jogar na Chapecoense. Não vamos desconsiderar o estilo de jogo da Chapecoense. Estamos analisando ao máximo e passando par ao Mancini. Nós vamos trabalhar com os pés no chão, com a montagem de equipe dentro do nosso orçamento. No decorrer das competições se tiver uma condição diferente é possível trazer um ou dois jogadores que agreguem à nossa equipe.
TETO SALARIAL
A Chapecoense tem um jeito de fazer futebol. Não vamos dar valores mas vamos manter essa filosofia.
MEDALHÕES
Não temos preconceito. Se um medalhão vier e se adaptar ao perfil do clube será bem vindo. Um exemplo foi o Cleber Santana, que encontrou aqui um porto seguro e tinha muito clube interessado nele.
PERFIL
Nós vamos manter o perfil de jogadores que a direção vinha utilizando. Aqui não dá para ir numa festa pois no outro dia, na padaria, estão sabendo. Precisamos de atletas comprometidos.”
CRONOGRAMA
Temos um sentido de urgência. Ainda não definimos uma pré-temporada, mas queríamos começar os trabalhos em 3 de janeiro. Mas não temos que buscar apenas jogadores, mas toda uma estrutura pois perdemos roupeiro, fisioterapeuta e outros profissionais que precisamos repor com o mesmo cuidado.
CESSÃO DE JOGADORES
Estamos recebendo com muita satisfação a oferta de jogadores pelos clubes. Mas nós também queremos escolher. Não é arrogância. Não podemos contar com jogadores que seriam dispensados. Precisamos e queremos jogadores de qualidade. Claro que seremos razoáveis na escolha. Se o clube parceiro não compreender isso fica difícil.
COMPETITIVIDADE
Ainda é tudo muito novo. Ainda não temos uma equipe. Mas queremos montar um time que tenha uma participação digna nas competições e que motive o torcedor, que ele tenha orgulho do time que vai jogar.
EXPOSIÇÃO
Pelo que aconteceu a Chapecoense agrega muito valor a qualquer marca. Qualquer jogador que vestir a camisa do clube será visto no mundo todo. A Chapecoense oferece aos profissionais muito mais do que se possa imaginar.