Mais uma vez, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) conseguiu sua especialidade: aparecer. Puniu o Grêmio com a perda do mando de campo para o segundo jogo da final da Copa do Brasil, uma medida extrema e concebida apenas para buscar os holofotes.
A decisão é um exagero e fere de morte o equilíbrio técnico das finais da Copa do Brasil. Agradecerá o Atlético-MG, que deve mandar o primeiro confronto em um estádio acanhado para a grandeza do confronto e pode visitar o Grêmio longe da Arena. O tribunal coloca a taça no colo dos mineiros.
Leia mais:
Alexandre Elmi: voo do Grêmio ou queda do Inter? A República da Ansiedade
Jayme Eduardo Machado: o toque de mágica de Tite
Sérgio Boaz: o UFC é refém de McGregor
O STJD considerou gravíssima a entrada Carol Portaluppi, filha de Renato, no gramado da Arena ao final do jogo que garantiu a classificação tricolor à final da Copa do Brasil. Um dos auditores justificou que o tribunal poderia abrir "um precedente" caso não aplicasse uma punição pesada ao clube.
É difícil engolir o argumento, pois indica que Carol colocou em risco o espetáculo e desrespeitou o torneio. Era a filha comemorando com o pai. Não houve ato de violência ou algo do gênero. Usando o bom senso, que por vezes falta ao STJD, a multa de R$ 30 mil estaria de bom tamanho.
Mesmo ressabiado, vou dar um voto de confiança ao tribunal, vou acreditar que será possível, com o recurso que o Imortal apresentará, transformar a perda do mando de campo na multa. Em geral, recursos de penas pesadas, fruto de agressões e quebra-quebra, são convertidos em multa ou cesta básica.
Se confirmada a punição capital, será a segunda vez que o STJD punirá o Grêmio com uma medida excepcional, o que será uma injustiça. O caso Aranha, chamado de macaco na Arena em 2014, custou a eliminação tricolor em uma Copa do Brasil.
Naquele momento, anunciava o STJD uma cruzada contra o racismo – algo legítimo e necessário –, sendo que mantinha em seu corpo um auditor cujos comentários nas redes sociais reproduziam preconceitos e ofensas. Pois o mesmo caso ocorreu em um jogo do Atlético-PR. O palmeirense Tche Tchê foi chamado de macaco por um torcedor do Furacão. Neste caso, a injúria racial virou multa de R$ 10 mil. Pelo visto, resolveu virar protagonista de novo. Mais uma vez nas costas do Grêmio.
*ZH ESPORTES