Fernando Fumagalli, aos 39 anos, achou que já tinha visto e vivido de tudo no futebol. Mas no domingo à noite, foi protagonista do impossível.
Com três gols e uma assistência, virou o herói do Guarani no inacreditável 6 a 0 sobre o ABC na semifinal da Série C – Leandro Amaro, Pipico e Alex Santana (ex-Inter) completaram o placar. Foi a primeira vez na história do futebol brasileiro que um time reverteu uma desvantagem de 4 a 0 na partida de ida. E foi a segunda virada do Guarani no campeonato: na fase anterior, já havia feito 3 a 0 no ASA depois de ter levado 3 a 1 na ida.
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A equipe de Campinas fará a final da competição com o Boa-MG, que tirou o Juventude. O primeiro jogo será no Brinco de Ouro, o segundo, em Varginha.
Para o camisa 10, que no domingo usou a 250, em alusão ao número de jogos completados pelo time, a partida teve outro significado: chegou aos 81 gols e empatou com Zenon na quinta posição na história dos artilheiros do Guarani em todos os tempos. Está atrás de Jorge Mendonça (88), Careca (118), Nenê (especula-se 120) e Zuza (149).
Fumagalli conversou com Zero Hora.
Como descreves o jogo de domingo?
Foi o maior momento da minha carreira. Nunca tinha visto acontecer alguma coisa assim no futebol e nem sei se algum dia vai ser repetido. Fizemos história.
Como foi a preparação para o jogo?
Tivemos uma semana péssima. Saímos de lá (Natal, após o 4 a 0 para o ABC) cabisbaixos, ouvindo críticas de imprensa e torcida. Realmente fomos mal, estávamos envergonhados. Nossos treinos não foram bons, estávamos abalados. Então eu, o Leandro Amaro (zagueiro), o Ferreira (zagueiro) e o Leandro Santos (goleiro) mais o técnico Marcelo Chamusca tratamos de mudar o ambiente. Falamos que já tínhamos virado um jogo antes e que tínhamos uma equipe melhor que a deles. No vestiário, ainda reforcei: "pessoal, tenho 39 anos e ainda tenho um sonho, quero ser campeão aqui. Vamos entrar na história do clube". Deu certo.
Tua ligação com o Guarani é muito forte e cresceu ainda mais depois do jogo. Como essa vitória ajuda o clube?
Nós recolocamos o Guarani na mídia novamente. Agora vamos devolver o Guarani ao lugar dele, que é a Série A do Brasileirão. É um clube campeão brasileiro, vice. Batemos no fundo do poço por causa de administrações ruins. Agora estamos nos reerguendo. Estamos fazendo a nossa parte.
Tem uma rivalidade ferrenha entre Guarani e Ponte Preta. De um lado, um time na Série A, mas que nunca foi campeão. Do outro, um que sobe para a B e que pode ser campeão. Como está isso aí em Campinas?
O derby aqui é pegado como o Gre-Nal, os estádios são próximos. Queremos ser campeões porque nosso rival está no Brasileirão e consolidado. Mas tem o lance do título, que eles não têm e nós podemos ir para o terceiro título nacional, né? Vai pesar com certeza.
Aos 39 anos, o que pensas para a tua carreira?
Que ainda vou jogar mais um ano, aqui no Guarani, e encerrar minha carreira. Depois, quero continuar aqui, só não sei ainda se em um cargo de gestão ou se dentro do campo, de repente como auxiliar. Seria importante começar no Guarani.