Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers começam hoje a definir o novo campeão da NBA. Mas a série de até sete jogos tem muito mais impacto sobre o melhor basquete do mundo do que apenas decidir quem levanta a taça. É um duelo de estilos capaz de indicar como o esporte será jogado nos próximos tempos.
O Warriors lidera um processo de revolução na NBA com jogadores mais baixos do que o padrão e uma precisão impressionante nos arremessos longos. Por isso, Stephen Curry, 1m91cm, e Klay Thompson, 2m01cm, são as principais armas da equipe. O Cavaliers faz um jogo mais pesado, com foco em LeBron James, 2m03cm e uma estrutura física muito maior. Até o armador Kyrie Irving, apesar da mesma altura de Curry, tem um estilo mais característico dos velhos tempos – infiltração e bandeja.
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Ao longo das décadas, os campeões marcam novos paradigmas. O Celtics dos anos 1960 era um time alto e de imposição física. Nos anos 1980, o Lakers dominou com a versatilidade de Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar, característica que tornava difícil para qualquer adversário impor uma marcação eficiente. Na década de 1990, o Bulls instaurou a necessidade de dois grandes astros e uma defesa forte para chegar aos títulos com base no modelo de triângulos do técnico Phil Jackson, dominando com Michael Jordan e Scottie Pippen e o auxílio de Dennis Rodman no garrafão. O Jazz tentou acompanhar o processo com Karl Malone e John Stockton, mas o nível de exigência era maior. No início dos anos 2000, o Lakers seguiu o modelo de dois astros e sistema de triângulos com Shaquille O'Neal e Kobe Bryant, mas o domínio do garrafão passou a ser ainda mais importante. Por isso, o Pistons de 2004 chegou ao título mesmo com um elenco que não parecia tão estelar, mas era imbatível perto da cesta. O modelo daria a Shaq mais um título com o Heat e Dwyane Wade, em 2006.
O início dos anos 2010 apresentou o aumento do número de astros necessários para fechar a conta. O Heat tinha LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh nos títulos de 2012 e 2013, e foi batido pelo San Antonio Spurs de Tim Duncan, Tony Parker e Kawhi Leonard, em 2014.
O Cavaliers ainda segue o modelo de três astros. LeBron James, Kevin Love e Kyrie Irving são capazes de controlar as ações e, ainda que não formem uma defesa tão forte, são equilibrados em quadra. O Warriors, que busca o bicampeonato, tem a chance de estabelecer a mudança – e já há equipes que trilham o mesmo caminho de opção por times de estrelas mais baixas, como o Portland Trail Blazers.
É hora de saber para onde a NBA vai caminhar.
*ZHESPORTES